O Benfica vive uma espécie de trauma nas bolas paradas. É esta a análise feita por José Antonio Camacho no final do encontro de ontem com o Molde, em que os encarnados voltaram a sofrer um golo na transformação de um pontapé de canto, tal como tinha acontecido com o Beira-Mar no último domingo no Estádio da Luz.
"Estamos muito mal a defender as bolas paradas. Passamos um mau momento neste aspecto e o adversário hoje (ontem) aproveitou isso da melhor forma. Num canto marcaram um golo e num pontapé livre estiveram muito perto de o fazer novamente. Já com o Beira-Mar tínhamos sofrido golos em situações semelhantes", começou por admitir o técnico espanhol que até confessou alguma inércia perante tal factor:
"Eu posso-lhes dizer muitas vezes para terem atenção nestes lances, mas não posso fazer mais nada. Há que manter a concentração até ao final". Nem mesmo as alterações efectuadas no sector defensivo (entrada de Cristiano e saída de Argel) deixaram mais satisfeito o responsável técnico encarnado. Muito pelo contrário. "Claro que não posso estar satisfeito com as alterações que fiz na defesa. Voltámos a cometer os mesmo erros", criticou.
Camacho admitiu igualmente que o golo sofrido já na parte final do encontro complicou um pouco a eliminatória para os encarnados, apesar dos três golos marcados. "Ganhar por 3-1 não é o mesmo que ganhar por 3-0. Tínhamos uma boa vantagem, mas tivemos uma falha e fomos penalizados por isso", acrescentou. O treinador do Benfica voltou também a lamentar a falta de produtividade dos seus jogadores face ao domínio que exerceram ao longo da partida. Queixas que já vem de trás, como o próprio fez questão de referir.
"É o problema de sempre. Dominámos durante 90 minutos mas só fizemos três golos. O nosso adversário foi duas vezes à nossa baliza e fez um. As equipas quando jogam com o Benfica não arriscam muito e temos que estar preparados para essa situação. O problema é apenas esse. De resto, estou contente com a produção da minha equipa", sublinhou, reiterando a confiança para o encontro da segunda mão já em terras noruegueses e com um temperatura gélida que deverá baixar significativamente dos zero graus centígrados: "Tenho sempre fé nos meus jogadores e continuo a tê-la. Hoje (ontem) podíamos ter marcados mais golos, mas vamos tentar melhorar no próximo jogo."
Apesar do golo do Molde não estar nas cogitações, o espanhol não perdeu a boa disposição e até evidenciou algum humor quando lhe foi perguntado o porquê da equipa encarnada ter "tremido um pouco na parte final do jogo". "Um pouco? Simpáticos. Bem, se foi só um pouco, então não há problema", gracejou.
Roger: «Houve algum vacilar no final»
"Houve um certo vacilar no final do jogo, mas penso que o resultado foi bom. Só não foi excelente porque estivemos a ganhar por 3-0 e acabámos por sofrer um golo. No segundo jogo temos de impor o nosso ritmo, porque eles vão tentar explorar os lances de bola parada. Temos de respeitar a equipa deles, pois têm jogadores de qualidade. É muito bom sentir o carinho dos adeptos quando entro."
Zahovic: «Temos tudo para passar»
"Fizemos um bom jogo, mostrámos carácter e provámos que a derrota com o Beira-Mar foi só um dia mau. Penso que o resultado é muito bom para nós e temos todas as condições para passarmos à próxima eliminatória. Temos de ter cuidado com os lances de bola parada, que são o ponto forte deles. O treinador deles tem de ter um discurso positivo, mas nós queremos ir lá ganhar. Senti-me bem no regresso, fruto da pré-época e das sessões bidiárias."
Odd Berg: «Podemos ganhar 2-0»
"Este foi, como já esperava, um jogo muito difícil para nós. Conseguimos marcar um golo, ainda tivemos mais algumas chances, mas foi bastante importante conseguir marcar aqui. O Benfica é uma equipa brilhante do ponto de vista técnico, é muito melhor do que a U. Leiria, mas acredito que o podemos eliminar. No segundo jogo temos de correr mais, defender melhor, mas penso que não é impossível ganhar por 2-0."
FILIPE DUARTE SANTOS, JOÃO RUI RODRIGUES E NUNO MIGUEL FERREIRA
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