Todos os anos é a mesma coisa. E o Verão é como um disco riscado. As transferências, as especulações, quem sai e quem entra. Os nomes, os custos e as histórias. Todos os clubes e adeptos enchem-se de esperanças e fazem-se equipas-tipo diariamente com suposições e ilusões. Este defeso não fugiu à regra, com muitas "mexidas" e alguns casos por resolver.
O Benfica, por exemplo, tem uma extensa lista de laterais-esquerdos que só se compara à colecção de carros de David Beckham. Desde Domi a Atouba, passando por Gilberto, Cris, Tchato, Júnior e Gustavo Nery - afinal, Beckham tem mais carros!
Dos projectos à realidade, ninguém passou a ténue fronteira, que envolve ordenados e custos adicionais. Quanto a certezas, apenas e só uma: o médio Alex, ex-Moreirense, num negócio fechado no já longínquo 8 de Abril.
O Sporting também teve amargos de boca. Os defesas Caldwell e Gamarra, apesar dos esforços, continuam no Newcastle e Inter, respectivamente, e o avançado Nikolaidis foi apresentado no Atlético Madrid, enquanto Salas, dado certo em Alvalade pelo jornal italiano Tuttosport, "escapou-se" para o River Plate, emprestado pela Juventus. Mas os leões recompuseram-se na parte final, quando roubou três "ideias" ao Benfica (o avançado Silva, o central Polga e o guarda-redes Ricardo).
O FC Porto foi diferente. A começar pela postura. Discreta. Todos os alvos foram atingidos, com menor (Ricardo Fernandes, ex-Sporting, Bosingwa, ex-Boavista, e Serginho, ex-Paços Ferreira) ou maior dificuldade (McCarthy, ex-Celta Vigo, e Pedro Mendes, ex-Vitória Guimarães).
A política de contratações continua a mais acertada e, enquanto os rivais andam atarantados e atarefados com laterais e outros que tais, os dragões, descansados e sem o stress dos outros veraneantes, mantêm um plantel equilibrado, com dois jogadores com provas dadas no futebol português em cada posição. Um exemplo a ser seguido.
Sérgio Conceição
É agora um jogador livre, depois da rescisão amigável com o Inter. Presente no Euro-2000 e no Mundial 2002, quer encontrar rapidamente um clube para garantir um lugar no Euro-2004.
Depressa se falou no FC Porto, clube que o projectou a nível internacional no final dos anos 90. O médio-direito afirmou, em entrevista durante estas férias no Algarve, que os portistas têm direito de preferência na eventualidade de um regresso a Portugal.
"O FC Porto é o clube do meu coração. Todos os clubes do Mundo e até de outra galáxia são hipótese. Agora, o FC Porto, pelo trajecto que fez, por estar na Liga dos Campeões e por ser um dos melhores clubes da Europa, agradava-me", referiu Sérgio, que tem propostas de Inglaterra, Espanha e Itália.
Júnior
Cobiçado desde o início do ano, o lateral-esquerdo brasileiro (que marcou um golo no Mundial 2002, à Costa Rica) foi "atacado" pelos benfiquistas em duas fases. Em ambas as ocasiões, o acordo esteve iminente, mas falhou à última hora.
Em Janeiro, houve acordo para um empréstimo. Em Junho, Parma e Benfica chegaram a acordo total para a aquisição de Júnior sem qualquer contrapartida financeira, assumindo os salários do atleta na íntegra, ficando a formação transalpina livre de qualquer encargo. Tudo parecia bem encaminhado. Mas, os salários falaram mais alto e a transacção foi abortada.
Gamarra
Primeira escolha de Fernando Santos, o central paraguaio tinha mais um ano de contrato com o Inter Milão mas não queria ser emprestado. O Sporting era, então, obrigado a contratá-lo e a pagar cerca de 35 mil contos/mês, salário que auferia nos "nerazzuri".
O negócio esteve bem encaminhado, sobretudo quando o Paraguai jogou com Portugal, nas Antas, a 6 de Junho. Durante três semanas e meia, o folhetim arrastou-se, com reuniões entre as partes, mas falhou.
Sávio
O brasileiro terminou o contrato com o Real Madrid e estava disonível no mercado a custo zero. Foi oferecido ao Sporting e Benfica, mas os altos salários impediram a transferência. Acabou por ir para o Saragoça, que subiu à I Liga espanhola.
Nikolaidis
Sem clube, o avançado grego estava referenciado por Fernando Santos, que já havia trabalhado com ele no AEK Atenas. O negócio falhou, pois a sua mulher queria morar num lugar mais "in" como Madrid. Foi para o Atlético.
Marcelo Salas
As negociações avançaram, quando a Juventus se interessou por Ronaldo. Houve conversações e falou-se em Salas. Este, em fase de divórcio com a mulher, nunca se sentiu receptivo aos leões. Preferiu regressar a uma casa que bem conhece: River Plate.
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