O Benfica qualificou-se ontem facilmente para a final da Taça de Portugal, com uma vantagem construída na primeira parte ante a estranha complacência do Belenenses.
No terceiro jogo da época entre as duas equipas, depois do empate a três golos, no Estádio Nacional, na primeira volta da SuperLiga, e da posterior vitória do Benfica (2-0), no Restelo, os jogadores do Belenenses pareceram não ter entendido bem que ontem se jogava o acesso a uma final de Taça, ao contrário do adversário, que entrou produtivo e sem hesitações, pondo fim a todas as dúvidas logo na primeira parte, com três golos marcados.
Depois de ter enfrentado as férreas defesas de Rosenborg e Inter, naTaça UEFA, com os resultados que se conhecem, o Benfica encontrou no Belenenses o adversário ideal para acabar com o trauma de muito atacar e pouco ou nada marcar.
Imprevisto
Camacho foi obrigado desde logo a improvisar para aquele que considerou o jogo mais importante do Benfica, devido à ausência forçada de Simão, doente. Entrou o jovem João Pereira para o flanco esquerdo, completando o 4x4x2 adoptado pelo técnico espanhol, com a dupla de avançados Nuno Gomes e Sokota em campo e Zahovic no banco.
No primeiro jogo do Belenenses fora de casa, na Taça de Portugal, Augusto Inácio armou uma defesa com três centrais, optando por Wilson como líbero, e por Hélder Rosário e Paulo Sérgio como marcadores dos dois avançados do Benfica. Nas laterais posicionou Sousa e Gonçalo Brandão. Na frente desta linha de cinco defesas, o técnico do Belenenses colocou um bloco de cinco jogadores, sendo Brasília o único com posição definida na esquerda, tendo sido distribuída a Antchouet a tarefa de fechar à direita, em situação defensiva, e de atacar pelo centro.
Mas os cuidados defensivos do técnico do Belenenses de nada lhe valeram, porque a equipa não respondeu ao estímulo - pareceu até nem querer compreender - e, com dez minutos de jogo, já tinha encaixado dois golos, ambos da autoria de Sokota, que podia ter chegado ao intervalo com um "poker", não fosse a falta de precisão no remate.
Macieza
A doçura usada pelos jogadores do Belenenses na marcação aos adversários não correspondeu de forma alguma ao rigor do sistema defensivo engendrado por Inácio. Muitos, no meio- -campo e na defesa, não foram minimamente eficazes frente ao ataque do Benfica, a viver muito dos deslocamentos ora de Sokota, ora de Nuno Gomes, capazes de criar desequilíbrios com grande facilidade face ao imobilismo defensivo do Belenenses.
Risco
Mas a história do jogo mudou. Com Manuel Fernandes no lugar de Petit, lesionado, o Benfica ressentiu-se e o Belenenses equili- brou-se, chegando a reduzir a desvantagem (3-1). Foi nesse balanço que Augusto Inácio decidiu arriscar, desfazendo o 5x4x1, para apostar num 4x3x3, já com Valdiran (à direita) e Mauro (à esquerda) em campo. Sem três centrais e com um esforço suplementar pedido a Marco Paulo, no apoio defensivo, o Belenenses tornou-se mais equipa.
Foi então que Camacho decidiu também mudar do 4x4x2 inicial para um 4x3x3, com Zahovic em campo, em substituição de Geovanni.
Alérgica ao súbito ganho de agressividade do Belenenses, a equipa de Camacho deu-se mal e perdeu até o controlo do jogo, passando a viver do expediente do contra-ataque, através do qual poderia ter marcado em mais duas ocasiões. Zahovic e Nuno Gomes falharam.
O Benfica segue para a final da Taça de Portugal, cumprindo o desígnio estabelecido pelo treinador, o Belenenses passa à história sem ter percebido bem o que estava em jogo.
Árbitro
João Ferreira (3). O juiz de Setúbal errou no lance do primeiro golo de Sokota, uma vez que Miguel estava em posição ilegal. Embora não tivesse tocado na bola, o seu posicionamento interferiu com o desenrolar da jogada. O amarelo mostrado a Valdiran é mal exibido, uma vez que o azul sofreu mesmo falta. Foi vítima, enfim, da acção dos seus assistentes.
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