D. Aves-Benfica, 4-4: Nem oito golos abriram sorrisos
OITO golos animaram o espectáculo na Vila das Aves, mas não chegaram para alegrar os corações de avenses e encarnados. A equipa da casa nunca tinha marcado tanto, na presente edição da I Liga. Fê-lo e logo ao Benfica que, embora esteja como se sabe, sempre é o Benfica e não tinha sofrido quatro golos este ano para o Campeonato. Aliás, os avenses passaram ao lado de uma excelente oportunidade de derrotar, pela primeira vez, o clube da Luz. Nos três jogos anteriores tinham três derrotas e, agora, tudo o que conseguiram foi alcançar um empate. Que deve ter um sabor amargo. Quem esteve a ganhar 3-0 e já nos “descontos” ainda liderava por 4-3, não pode sentir-se feliz com o ponto conquistado.
O Benfica, por seu turno, com este resultado (aliado à vitória da União de Leiria em Braga) acabou o Campeonato na sexta posição, a pior classificação da sua história (nunca ficara abaixo do 4º posto). Emblematicamente, a turma da luz entrou em campo equipada de cinzento, uma cor que traduz na perfeição a sua época 2000-2001.
Ao longo dos 90 minutos, Toni foi, várias vezes, a imagem perfeita do desespero e da impotência, perante sucessivos erros infantis dos seus jogadores. Nem numa equipa dos escalões de formação é fácil encontrar uma quantidade assim de asneiras “primárias” como as que se viram domingo na Vila das Aves aos encarnados. A páginas tantas, em “petit comité” com Veloso e Shéu, o treinador do Benfica dava conta, exuberantemente, da amargura que lhe invadia a alma, chegando a exemplificar o erro que acabava de ser cometido.
O Desportivo das Aves, já desenganado quanto à descida de divisão, foi para o jogo motivado pelo nome do opositor. Limitado, por vezes quase incipiente na técnica, o conjunto de Carvalhal apostou no coração (e nas pernas), esqueceu a canícula que se abateu sobre o Norte do País e aos 23 minutos já vencia o Benfica por 3-0. O lema da equipa da casa, nesta fase da partida, foi “cada tiro, cada melro, cada cavadela uma minhoca”. O D. Aves explorou as fragilidades defensivas da turma da Luz, lançando bolas para as costas dos centrais, que se perderam e entraram em colapso. O 3x4x3 com que Carvalhal anulava Van Hooijdonk e João Tomás e, ao mesmo tempo, lhe dava supremacia a meio-campo, funcionava às mil maravilhas e o desastre encarnado parecia inevitável. Foi então que dois protagonistas entraram em jogo. Primeiro Toni, ao tirar Meira e Chano, entrando Sérgio Nunes para central e Carlitos para a direita (Maniche derivou então para o lado de Ednilson).
O Benfica ganhou estabilidade e “aguentou-se” melhor na defesa. Depois, Van Hooijdonk, a ressuscitar a alma encarnada com um golo de bola parada e, seguidamente, a embalar para uma exibição cheia de carácter. O internacional holandês sentiu a humilhação e, em vez de baixar os braços, foi o primeiro a remar contra a maré.
Até ao intervalo, o Benfica reduziu para 3-2 e deixou no ar a ideia de que, apesar de tudo, era capaz de dar a volta ao texto. E até podia tê-lo feito, não fora ser traído pelas pernas (tanto calor...) depois de chegar à igualdade. Foi então a vez de Carlos Carvalhal mostrar que estava vivo no banco, refrescando a equipa, que melhorou a olhos vistos. O 4-3, em excelente execução de Marco Aleixo, premiou esse período e parecia que os encarnados já não tinham mais argumentos para evitar a 11ª derrota da época. Só que, num derradeiro assomo, André estreou-se a marcar na I Liga (provavelmente o último golo da prova) e empatou a quatro. A I Liga 2000-2001 chegava ao fim, o D. Aves descia de divisão e o Benfica ficava arrumado em sexto lugar.
O árbitro LUCÍLIO BAPTISTA foi induzido em erro pelo seu assistente do lado da central no lance do “penalty”. A falta de Meira foi cometida fora da grande área. No segundo tempo não viu um castigo máximo sobre João Tomás, empurrado pelas costas, de forma flagrante, aos 48 minutos.
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