O BENFICA fez o último jogo em casa, o Salgueiros não viajará mais para fora de Vidal Pinheiro, ambos acabaram com as pequenas misérias que os atormentavam ainda a uma jornada do fim da I Liga. Com o empate, a equipa de Toni não somou mais um recorde negativo – o de derrotas consecutivas – e a de Vítor Manuel atingiu o primeiro ponto em confronto directo com um dos primeiros sete classificados. Cada uma fez o que pôde, à medida das suas possibilidades.
O jogo de domingo, no actual Estádio do SL Benfica, pode ter sido o último realizado no recinto que Cosme Damião idealizou e Fernando Martins prolongou. Essa foi, porventura, a experiência única que os participantes (aqui, em sentido lato) acumularam no currículo, o resto foi mais uma sessão de “hipnoterapia” para espectadores que correm ao estádio na expectativa de um concerto de violino e são acordados ao som de corneta.
Toni engendrou uma equipa a carregar a nota do “nacional e jovem”, sugestionado pelas limitações do actual plantel e pela tentação de experimentar para ver. E foi o que se viu. Não perdeu mais uma vez, mas também não ganhou. Estes jogadores não são piores do que os outros, mas também ninguém ficou a saber muito bem o que valem. É a igualdade de oportunidades no seu pior. Nesta equipa qualquer elemento do plantel tem o seu espaço, não porque todos estão a render bem, mas porque quase todos estão a jogar mal.
E, para acabar a série de jogos em casa na Liga, o treinador do Benfica não resistiu à tentação de aplicar na prática a sua teoria do “faz-se o que se pode, com aquilo que se tem”, introduzindo a rica “nuance” do ataque total, quando o Salgueiros jogava apenas com dez há 13 minutos, por expulsão do defesa-central Ricardo. Com van Hooijdonk, João Tomás, André e Toy simultaneamente em campo, Toni teve os seus “quatro Jardéis” na artilharia e não foi bem sucedido. O jogo continuou empatado e ele ganhou uma boa razão para rever a sua argumentação na hora de discutir a formação do plantel para a próxima época: Jardel e Drulovic andam por aí, um com contrato por discutir, o outro a custo zero.
A realidade do Salgueiros é bem diferente – e desta vez para melhor. Há um ano tentava garantir uma super-receita frente ao Sporting, para aliviar os efeitos de uma hipotética descida de divisão, domingo foi ao campo do adversário já com a vida organizada, disposto a marcar golos. Jogou para ganhar, podia ter perdido, acabou por empatar. Teve dois bons guarda-redes em campo, uma defesa atenta e um lançador (Marco Cláudio) inspirado. Num ataque aberto, das pontas saíam João Pedro e Caló com a extrema facilidade que lhes era permitida por Diogo Luís e Ricardo Esteves. Um jogo solidário, como o seu treinador gosta.
A expulsão do central Ricardo obrigou Vítor Manuel a fazer recuar Pedrosa para a defesa e o Salgueiros praticamente deixou de atacar. A pouca agressividade do ataque do Benfica, no início reduzido à acção de van Hooijdonk, facilitou a organização dos portuenses, e as entradas sucessivas de João Tomás, André e Toy não desequilibraram. Com o meio-campo reduzido à influência dos jovens Geraldo e Rui Baião, a equipa de Toni jogou no transporte aéreo da bola, que saltitava de cabeça em cabeça até se perder na linha final. Mais do que uma questão de pontaria, o problema do ataque do Benfica era a solução para a defesa do Salgueiros: não havia espaço suficiente para agir na frente da baliza de Jorge Silva. E o empate consumou-se no totoloto da grande área.
O árbitro
FRANCISCO FERREIRA trabalhou bem, restando apenas a dúvida em relação à legalidade da acção de Rui Baião no lance que precedeu o remate que deu o golo do empate ao Benfica.
Golos
44 minutos - 0-1, por João Pedro: Neves isola o ponta-de-lança, que ultrapassa Bossio em velocidade e, livre de marcação, atira rasteiro para a baliza deserta.
58 minutos - 1-1, por Rui Baião: O médio benfiquista provoca o choque com um adversário, ganha a bola, isola-se, passa por Jorge Silva e remata rasteiro com o esférico a bater no poste esquerdo e a entrar na baliza salgueirista.
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