JOÃO Tomás e Van Hooijdonk "fabricaram" a primeira vitória do Benfica no novo milénio, por sinal também a primeira vitória de Toni desde que rendeu Mourinho no comando técnico da equipa.

Um triunfo sem contestação, perante um aguerrido Louletano, por três bolas a uma, desfecho que coloca os encarnados na sexta eliminatória da Taça de Portugal.

O holandês, em particular, esteve em grande destaque, marcando dois golos e oferecendo o terceiro a João Tomás, para além de ter enviado uma bola à barra. A exibição justifica, por acréscimo, que se recorde a "queixa" proferida a um jornal da sua terra, na qual argumentava que nunca tinha jogado num sistema com dois avançados. Quarta-feira, Toni fez-lhe a "vontade" e Van Hooijdonk respondeu pela positiva.

Não obstante ter sido normal o modo como chegou aos 3-0, o Benfica só à beira do intervalo inaugurou o marcador, após uma saída em falso do guarda-redes dos algarvios. Depois do intervalo os encarnados entraram de rompante e num ápice marcaram mais dois golos.

Pensou-se que o Louletano, a quebrar física e psicologicamente, podia sair do seu estádio vergado ao peso de uma goleada. Mas não. A resposta foi bonita e para além do merecido tento de honra a turma de Miguel Fernandes teve um comportamento que dignificou o espectáculo.

Desta feita sem a tempestade de há duas semanas atrás - o jogo foi então interrompido aos 8 m e adiado - o encontro da Taça iniciou-se sob o signo de um Benfica rematador. Calado, Meira, Van Hooijdonk e Maniche tentaram a sua sorte, quase ao ritmo de um disparo em cada dois minutos, o que, todavia, não inibiu os algarvios.

Com Tomás e o holandês lado a lado e Meira no "miolo", Toni apostou em Escalona para a esquerda da defesa e colocou Ronaldo ao lado de Marchena.

O Louletano respondeu com a marcação aos pontas-de-lança do Benfica, através de Pedro Pereira e Campina (liberto ficou Pagani) e procurou sempre povoar o meio-campo, deixando Marcos Gaúcho no meio dos centrais adversários. Nada encolhido, o conjunto da II Divisão B bateu-se em alguns períodos quase de igual para igual com o seu categorizado opositor.

Só no quarto de hora final do primeiro tempo é que o Benfica se superiorizou e passou a apoquentar muito mais as redes à guarda de Dadinho. Mas os raides de Carlitos e Maniche, nos flancos, morriam muitas vezes nos cortes de Pagani e seus pares.

Até que surgiu Van Hooijdonk: obteve o primeiro golo num remate meio esquisito, quase de costas e de cabeça, e abriu o livro a seguir ao reatamento, com um excelente golpe de cabeça, em voo, a fazer o 2-0, e depois a dar de bandeja o terceiro ao seu parceiro do ataque.

O Louletano não caiu, como já se disse, e o técnico Miguel Fernandes nada receou ao colocar em campo, quando das substituições, três homens de características ofensivas.

O "golpe" permitiu que os algarvios equilibrassem o quanto baste para não sofrerem mais golos. De qualquer modo, depois de Marco Gaúcho ter reduzido, foi sempre o Benfica que esteve mais perto de marcar, primeiro por Van Hooijdonk (outra cabeça, agora à barra, na sequência de cruzamento de Poborsky, que, quem sabe?, talvez tenha feito o último jogo com a camisola encarnada...) e depois por Maniche e Toy.

Em suma, actuação agradável dos encarnados, mas a precisar, obviamente, de confirmação ante adversários da I Liga. Pelo menos, Toni saiu contente do Municipal de Loulé: viu os seus jogadores mais empenhados do que em anteriores ocasiões.

Arbitragem sem problemas de Bruno Paixão, mas com algum exagero na amostragem do amarelo, em especial nos últimos instantes do jogo.

Golos

0-1 aos 44 m, por VAN HOOIJDONK. Cruzamento de Maniche, saída em falso de Dadinho e cabeça (quase de costas) do holandês a acertar no alvo.

0-2 aos 48 m, por VAN HOOIJDONK. Bela jogada de Dudic, culminada com um centro para o voo do ponta-de-lança. Um excelente golo.

0-3 aos 52 m, por JOÃO TOMÁS. Agora é Escalona no lance, a desmarcar Hooijdonk, que, nada egoísta, oferece o golo ao seu "gémeo".

1-3 aos 57 m, por MARCOS GAÚCHO. Iniciativa de Caniggia, muito bem conseguida, a isolar o brasileiro, que não perdoa.

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