Sp. Braga-Benfica, 3-1: Braga expõe de forma crua limitações do actual Benfica
COROANDO outra excelente exibição, o Braga venceu o Benfica com toda a justiça e voltou a fazer parte do lote de equipas (cinco) que lutam pelo título nesta louca temporada 2000/2001.
No 1º de Maio, onde pela quinta temporada consecutiva o Benfica não conseguiu ganhar, assistiu-se a mais uma noite de grande futebol, intenso e competitivo, e a equipa de Toni viu quebrada uma série bastante positiva de seis vitórias e um empate.
Manuel Cajuda construiu, na verdade, um conjunto competitivo, equilibrado, sólido, com opções, e provou merecer a renovação de contrato esta semana anunciada. Fazer 19 pontos em 21 possíveis (só falta jogar nas Antas!) no confronto directo com os outros quatro da frente é algo de soberbo e deve ser realçado.
Ao jogar deliberadamente ao ataque, explorando as alas e com os olhos na baliza, o Braga confrontou o Benfica com as limitações actuais num jogo que decorreu aberto sobre um relvado molhado, propício a fazer correr a bola e mau para os encontros tácticos, recheados de vigilâncias individuais.
O Benfica, sabe-se, tem de fazer passar a bola rápido até aos pontas-de-lança e é fraco nos flancos (nem o regresso de Carlitos alterou essa realidade); o Braga possui precisamente aí as suas armas mais temíveis e desta vez contou com um Luís Filipe esplendoroso, autor de dois golos e muitas outras jogadas que lançaram o pânico na desastrada defesa da Luz.
Do choque destas características resultou um jogo “à inglesa”, sem rendilhados a meio-campo (por onde a bola pouco andou, em especial no segundo tempo), nos antípodas do Benfica-Boavista da semana passada.
Verdade se diga que o Braga teve durante todos os 90 minutos a acompanhá-lo a estrelinha dos vencedores. Marcou “a frio” pouco passava do primeiro minuto, teve sorte no desvio da barreira que permitiu a Zé Roberto fazer o segundo golo (na cobrança de uma falta que Escalona não parece ter cometido...) e, até ao intervalo, que atingiu a vencer, passou incólume a algumas situações de muito perigo, no período em que o futebol artístico de Roger conseguiu arranjar forças e espaço...
No cômputo geral, contudo, o Braga marcou superioridade. Os jogadores da casa correram e jogam mais. Construíram várias situações de golo e poderiam, mesmo, ter chegado a uma diferença ainda mais significativa.
Na segunda parte, no seguimento de um jogo de xadrez de parada e resposta dos dois treinadores, a opção declaradamente atacante de Toni colocou a equipa de Cajuda a actuar no sistema que prefere: em contra-ataque.
Este jogo poderia ter acabado como o Salgueiros-Sporting da véspera, com uma chuva de golos, mas sempre com vantagem para os vermelhos do Minho.
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Toni procurou ser ambicioso. Colocou Carlitos em campo (não pôde contar com Maniche) e sentou Calado no banco. Ainda não foi desta que desmanchou a dupla Van Hooijdonk-João Tomás, mas pode estar em vias de o ter de fazer, em especial para poder ter Roger na equipa.
O brasileiro tem talento mas precisa de ganhar espírito de equipa e capacidade física. Sem isso, Roger suga o esforço dos companheiros, destapa o flanco esquerdo (domingo sempre disfarçado por um dos dois pontas-de-lança) e nem mesmo o esforço titânico de Meira e Ednilson pode colmatar a falta de jogadores para preencher os espaços equitativamente. Além do mais, também Van Hooijdonk desta vez esteve pouco propenso a grandes esforços...
Cajuda, pelo seu lado, foi duro para dentro. Depois da expressiva derrota em Alverca, castigou o capitão Artur Jorge com uma ida para o “banco”, lugar onde se tornou a quarta opção de central (até Idalécio foi preferido quando o Braga passou a marcar os dois pontas-de-lança do Benfica hxh).
Uma das qualidades do Braga foi a entrega de todos os jogadores, até de Zé Roberto, um futebolista que tem parecido pouco apreciador de marcações, mas que desta vez actuou com muita disciplina no miolo, ao lado do esforçado Castanheira e ambos à frente de Tiago (o vigilante de Roger).
O Braga marcou Van Hooijdonk-João Tomás com Ricardo Rocha (muito bem!) e a utilização do lateral Zé Nuno Azevedo, de volta ao flanco direito porque Sousa deve ter sido entendido como mais capaz de travar a velocidade de Carlitos do lado oposto. Depois... o ponto forte: Luís Filipe e Riva, flanqueadores inspirados, no apoio a Fehér, a atravessar um período de seca.
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O Braga foi feliz no golo, obtido na primeira jogada de ataque, mas o Benfica até reagiu bem. Fernando Meira deu consistência à equipa e conduziu o Benfica à igualdade, não apenas pela participação no lance do empate. Esse foi o período dos fogachos de Roger, no qual se viu a excelência do pé esquerdo do brasileiro, inclusive num remate que saiu ligeiramente ao lado (33).
O segundo golo bracarense lançou o Benfica, depois do intervalo, numa ofensiva total. Toni partiu a equipa entre defesas e avançados. Lançou Sabry e Miguel nos flancos, mas o egípcio é como Roger: mete para dentro. Chamou André para tentar inspirar Van Hooijdonk... em vão! Enfim, tentou o que podia com as armas que tem.
Manuel Cajuda, como é habitual, mexeu sempre muito bem na equipa. Acertou em cheio na entrada de Luís Miguel (rendição de Riva), foi realista na opção de Idalécio (o Braga passou a actuar com três centrais). Desistiu de Fehér e lançou Edmilson quando o húngaro falhou a terceira oportunidade de golo!
O Braga mereceu a vitória e a diferença final, na qual Luís Filipe colocou o selo de qualidade.
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A arbitragem de Lucílio Baptista teve algumas falhas. Escalona, repetimos, não parece ter cometido a falta de que resultou o 2-1. Aos 39 faltou o cartão amarelo a Odaír (jogou a bola com o braço). Marcou uma falta inexistente sobre Carlitos na primeira parte e assinalou mal um fora-de-jogo a Luís Filipe (19). Ajuizou bem um lance de Zé Nuno Azevedo sobre Escalona (50) – fora da área e não dentro, como os benfiquistas pretendiam. No resto... um trabalho competente.
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