O treinador do Benfica fez depender a vitória em Faro da atitude que os seus jogadores adoptassem em campo: “Já houve um tempo em que, correndo o mesmo que os opositores, tínhamos argumentos para vencer” – lembrou, sensibilizando os seus jogadores para a necessidade de correrem mais que os adversários para ultrapassar o Farense. Pois é, já houve tempo...
Sexta-feira à noite, os jogadores encarnados, ao contrário do que sucedeu em Campo Maior há duas semanas, deram o corpinho ao manifesto, correram muito, revelaram espírito de sacrifício e entreajuda e proporcionaram um jogo aberto, rasgadinho, competitivo, emotivo, ainda que a qualidade técnica estivesse uns bons furos abaixo desse patamar.O problema foi que os jogadores do Farense encararam o jogo com a mesma atitude competitiva e correram tanto como os do Benfica – por isso não foi possível a Toni trazer de Faro melhor que o empate. A leitura do técnico benfiquista na antevisão do jogo foi premonitória...
Se os jogadores levaram o jogo muito a sério, dando mostras de uma forte vontade de vencer, os treinadores também deram uma boa ajuda ao adoptarem um 4x3x3 dinâmico e flexível, que se encaixou mutuamente, criando as condições para que se jogasse no campo todo, a um ritmo elevado de parada e resposta que proporcionou um número invulgar de oportunidades de golo junto às duas áreas.
O nível técnico não acompanhou o ritmo, é um facto, mas, também, é preciso reconhecer que na I Liga portuguesa é raro assistir-se a jogos tão emotivos e disputados à velocidade que registou este Farense-Benfica.
Entrou melhor o Benfica no jogo, muito determinado e a assumir a iniciativa, mas cedo se percebeu idêntica atitude no Farense, que aos 7’ se colocou em vantagem, por Hassan, a deixar a nu fragilidades na defesa encarnada – Fernando Meira nunca conseguiu segurar o impressionante poder físico e velocidade do marroquino. Toni tinha razão: cada ano que passa Hassan parece tirar um à sua idade.
De resto, os dois golos algarvios surgem de erros elementares da defesa benfiquista, que acabaram por comprometer o triunfo e a exibição globalmente positiva da equipa. Mas a defesa algarvia também meteu água nos golos encarnados – no primeiro ao permitir que a bola sobrevoasse por duas vezes a sua pequena área e no segundo com a escorregadela de Paulo Sérgio que permitiu a João Tomás isolar-se.
Um dado elucidativo do ritmo de parada e resposta do jogo: os dois guarda-redes foram constantemente solicitados, com intervenções meritórias de ambos, algumas delas a evitar golos certos. Um jogo louco que teria um final de 1ª parte alucinante, com o Benfica a virar o resultado no espaço de dois minutos, com golos de Miguel e João Tomás – a sofreguidão deste retira-lhe lucidez no momento da finalização, razão pela qual desperdiçou sexta-feira algumas bolas de golo feito.
Houve um contraste que marcou a exibição das duas equipas, contraste esse que não desfez o equilíbrio. O Farense é uma equipa mais pesada e atleticamente superiorizou-se; o Benfica é uma equipa mais leve, mas também mais veloz. O Farense tem jogadores mais experientes; o Benfica tem alguns jogadores mais talentosos, mas ainda muito “verdes” – e isso foi notório em algumas fases do jogo, em momentos capitais. O próprio João Tomás tem algumas ingenuidades de um júnior. Faltou sempre ao Benfica um “patrão” no meio-campo – Rui Baião correu quilómetros, mas não pode exigir-se-lhe já que assuma a “batuta”.
Veja-se qual a média de idades dos jogadores do Benfica do meio-campo para a frente: Ednilson, Meira, Rui Baião, Miguel... Seja como for, é importante que joguem e que possam crescer como jogadores porque há ali muita qualidade na qual vale a pena investir.
O árbitro
A única nódoa na arbitragem de Paulo Costa foi um lance aos 33’, de difícil avaliação, quando Diogo Luís foi tocado na área algarvia por Vítor Manuel, cometendo este infracção passível de grande penalidade. De resto, uma arbitragem serena, segura e personalizada. Fisicamente esteve à altura do ritmo elevado que marcou a partida.
Os golos
7 minutos; 1-0, por Hassan: Rodri desmarca Hassan, que, de costas para a baliza, rodopia sobre Meira, ganha espaço e remata, rasteiro, para a baliza. Bossio ainda toca na bola, mas não consegue evitar o golo.
40 minutos; 1-1, por Miguel: Diogo Luís cruza para o segundo poste, João Tomás, livre de marcação, não consegue acertar com a baliza, rematando para onde estava virado, mas a bola sobra para Sabry, que cruza para Miguel atirar, de primeira, para o fundo da baliza.
42 minutos; 1-2, por João Tomás: O dianteiro aproveita uma escorregadela de Paulo Sérgio, isola-se e remata cruzado, com a bola a bater no poste esquerdo da baliza de Mijanovic e a entrar.
67 minutos; 2-2, por Carlos Costa: Na sequência de um pontapé de canto marcado por Djurdjevic, do lado direito, o capitão do Farense entra de rompante junto ao primeiro poste e, livre de marcação, remata de cabeça para o fundo da baliza.
Siga-nos no Facebook e no Twitter.