U. Leiria-Benfica, 0-3: Meio jogo com alegria e meio a viver dos juros
O Benfica obteve ontem, frente à difícil União de Leiria, a mais volumosa vitória da era-Camacho. Foram 3-0 claros e conclusivos, como podiam ter sido mais se, a meia hora do final, os encarnados não tivessem tirado o pé do acelerador, abrindo caminho a uma ameaça de recuperação da equipa de Cajuda.
No mesmo terreno onde o FC Porto sofrera para empatar e onde o Sporting perdera, o Benfica ganhou com facilidade, fundamentalmente porque mostrou uma cara muito diferente da que evidenciara nas últimas partidas. Mais alegre com a bola, como pedira o treinador após a paupérrima exibição frente ao Moreirense, mas sobretudo mais profissional sem ela, num eficiente "pressing" alto, com linhas muito subidas, algo só possível numa equipa em extraordinárias condições físicas. Foi dessa forma, com os sectores muito próximos uns dos outros, que o Benfica impediu uma União de Leiria demasiado suave de jogar o que sabe. E quando Cajuda quis reagir, já era demasiado tarde.
Parte das razões para o fácil êxito encarnado podem também ser encontradas no adversário. Sem João Paulo, entretanto emprestado ao Sporting, e sem Fernando Aguiar, impedido de jogar por pertencer aos quadros do Benfica, a U. Leiria perdeu capacidade de marcação atrás e fulgor físico a meio-campo. O que se viu foi um colectivo batido em quase todas as bolas divididas, permitindo que o epicentro da partida se colocasse inevitavelmente perto da área de Costinha. Isto porque, frente a dois defesas --centrais com características de líbero, Nuno Gomes recebia sempre a bola à vontade e, como os laterais leirienses se adiantavam para ir buscar os dois alas benfiquistas mas depois se deixavam bater em velocidade, o goleador encarnado tinha sempre alguém com quem tabelar.
Qualquer tentativa da equipa da casa para sair a jogar esbarrava na organização benfiquista, tornando inútil a colocação de três homens na frente de ataque. Daí que o Benfica tenha aberto o activo logo aos 14' e que, pouco antes do intervalo, ao sétimo remate, tenha feito o 2-0. Pelo meio, Miguel (17') e Geovanni (19') estiveram também perto do golo. E, em toda a primeira parte, só em dois lances de bola parada os leirienses testaram Moreira: um cabeceamento de Renato após canto de Bilro (12') e um livre de Edson (16').
O intervalo seria, por isso, o momento ideal para Cajuda mudar as coisas de forma a tentar salvar algo do jogo. Mas o treinador da casa preferiu esperar uns minutos. E já o possante Hugo Almeida estava junto à linha lateral para entrar (medida acertada) quando Tiago fez o 3-0 e matou o jogo, permitindo que os colegas passassem a viver dos rendimentos. Nos 40 minutos que sobraram, o Benfica só fez um remate. Em contrapartida, com Hugo Almeida como referência do ataque, com Silas a pautar o jogo a meio-campo e com Douala em bom nível nas duas alas, foram os leirienses que se superiorizaram. Podiam mesmo ter chegado a um golo que fizeram por merecer, fosse num desvio de Maciel, que Argel salvou na linha, fosse em dois remates de Douala, ambos defendidos por Moreira.
No fim, feitas as contas, a vitória do Benfica é incontestável e abre boas perspectivas para o que aí vem de campeonato. Já a U. Leiria (que para a semana volta a contar com F. Aguiar) percebeu que para melhor alcançar os objectivos convém-lhe adiantar as linhas.
Pedro Proença fez uma excelente arbitragem, usando um critério largo que, felizmente, começa a fazer escola em Portugal. Poucas faltas, nenhum cartão e algum futebol foram os resultados desta atitude. Falta é explicar isto aos jogadores e ao público.
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