Benfica-Sp. Braga, 2-0: Razão tem Camacho... Decisivo é o Simão
O Benfica bateu ontem o Sporting de Braga, no Estádio da Luz, num daqueles jogos em que resultado e exibição estão claramente desencontrados. O resultado foi muito bom, a exibição apenas suficiente. Contam os três pontos numa jornada em que as águias estavam obrigadas a ganhar se queriam manter a pressão sobre Sporting e FC Porto.
Camacho, o treinador do Benfica, pediu à equipa para chegar ao fim de ano com uma série de jogos vitoriosa e a etapa de ontem foi cumprida, mas cumprida de forma pouco convincente, porque o Benfica nunca ou muito raramente mandou claramente no jogo, e se tem encontrado pela frente um adversário sem meias-tintas, como o foram os bracarenses, a história poderia ter sido outra.
Claramente em dificuldades para fazer circular a bola, em boa parte devido à fragilidade do meio-campo, onde Tiago voltou a exibir-se ao nível das primeiras jornadas, o Benfica foi muito mais controlado do que controlador, apesar da boa vontade de Zahovic. Petit faz nesta altura muita falta, isso é ponto assente.
O jogo até começou animado sob o "efeito João Pereira", mas a chama do jovem craque depressa perdeu luz, depois de duas intervenções que culminaram em dois remates - um dele e outro de Simão, após cruzamento também de Pereira - ambos parados por Quim.
A partir daqui, a bola, quando esteve no chão, foi do Sp. Braga - o Benfica viu-a passar. Veja-se a forma como o golo de Simão foi obtido, na sequência de uma reposição de Moreira. De resto, neste aspecto, o treinador do Benfica tem razão: importante neste jogo foi Simão, que marcou os momentos decisivos do jogo - João Pereira remeteu-se ontem a uma partida mais errante, com alguns passes falhados e, sobretudo, muitas bolas perdidas. O público está com ele, mas é claro que joga ainda num plano pré-adulto.
Medo
O Sp. Braga apresentou qualidade, mas falhou na materialização do jogo. A equipa parece homogénea, o 4x2x3x1 adequado, mas faltou-lhe a iniciativa que lhe poderia ter trazido bons resultados.
Jesualdo Ferreira apostou na fragilização de Cristiano e mandou que Éder, Wooter e Pena procurassem desequilíbrios junto do lateral-esquerdo do Benfica, mas as acções de ataque não foram eficazes e o ardil falhou. A equipa acabou a primeira parte com dois remates feitos, depois de tanto ter prometido.
O treinador do Sporting de Braga fez então sair Pena e Barroso, para entrarem Paulo Sérgio e Foley, mas também aqui perdeu, sobretudo porque o primeiro, uma espécie de "joker", também entrou na rotina e arriscou pouco. Ainda assim, os bracarenses estiveram muito perto de empatar, não fosse a decisão de Moreira na defesa de um remate de Wooter (55').
Sokota
O problema do Benfica, no jogo de ontem, era em grande parte o problema de Sokota. Tocava na bola, mas não segurava.
Camacho tentou primeiro uma solução com os jogadores que tinha dentro de campo, recorrendo à tradicional troca de extremos, mas, com Pereira na esquerda e Simão na direita, os resultados não foram muito diferentes. João Pereira foi substituído por Roger e, pouco depois, entrou o sueco Andersson para o lugar de Zahovic.
A equipa arrumou-se então num 4x4x2 muito mais consistente, com Simão no apoio a Sokota e Roger ligeiramente à frente de Tiago, Fernando Aguiar e Andersson.
Com mais e mais fáceis recuperações de bola, foi então altura de o Benfica assegurar o controlo do jogo, mas, antes de chegar ao segundo golo, poderia ter sofrido o empate: outra vez Wooter e de novo uma preciosa defesa de Moreira (72').
A pressão atacante da equipa de Camacho aumentou e uma acção de ataque executada com rapidez originou a expulsão de Artur Jorge. A jogar com dez, o Sporting de Braga desorganizou-se e cedeu então o espaço necessário para uma finalização de classe de Sokota.
O Benfica acabou por despedir o público com uma série de números interessantes, permitindo a Quim algumas grandes defesas, mas a verdade é que Camacho não tem muitas razões para se sentir iludido com o resultado de ontem. É óbvio que a equipa pode ser outra com Petit, Geovanni e Nuno Gomes, mas não é seguro que o seja. Valem, pois, os três pontos e a miragem de uma luta pelo título mantida à custa de muito ânimo e pouco futebol.
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