Especialistas a cortar fitas. Eis a frase que podia servir de slogan para os dias mais recentes da vida do Benfica. Depois da inauguração da Luz, a equipa de Camacho abriu com outra vitória as hostilidades no Estádio Cidade de Coimbra. E, tal como sábado, não precisou de uma exibição deslumbrante para o fazer. Frente a uma Académica incapaz de se empolgar com a grandeza do momento e demasiado encostada à sua baliza, os encarnados resolveram o jogo em cinco minutos de génio de Simão (entre os 22' e os 27') e numa bomba de Roger. Esta, numa altura em que a equipa já havia entrado em economia de esforços.
Tal como frente ao Sporting e ao FC Porto, a Académica teve a possibilidade de entrar a ganhar. Mas, tal como nessas duas ocasiões, deixou o relvado sem qualquer ponto no bolso, aumentando para seis o número de partidas consecutivas sem ganhar. Ontem, a imagem que ficou foi a de uma equipa sem ideias atacantes e sem ambições condizentes com a grandeza do seu novo estádio.
Vítor Oliveira arrumou o onze num hiper-defensivo 5x4x1 com marcação individual aos dois atacantes benfiquistas e tentativas de explorar o fora-de-jogo. Tentativas essas, aliás, bem sucedidas, como se notou pelos 13 "off-sides" assinalados aos atacantes encarnados. As despesas do ataque academista eram entregues ao pequeno Fiston, com Marinescu nas costas e Nuno Luís e Pedro Henriques encarregues dos dois flancos, tanto defensiva como ofensivamente. Curto, como se viu.
A Académica até se viu a ganhar, graças a um brinde do adversário, o autogolo de Argel, antes de ter feito um único remate à baliza. E pareceu acreditar que podia conservar a vantagem em 83 minutos de expectativa. Não podia, como já não pôde nas Antas contra o FC Porto e em Taveiro face ao Sporting. É que, a juntar à tacanhez atacante de uma equipa que, é certo, ficou recentemente sem a sua principal referência ofensiva (Dário), viu-se ontem um Benfica diligente e ambicioso. Diligente porque tentou imediatamente tomar conta do jogo, assegurando a posse e a circulação da bola, e ambicioso porque subiu muito as suas linhas: 13 das suas 26 faltas foram cometidas pelos atacantes, mostrando a vontade de levar o jogo para perto da baliza de Pedro Roma.
Estava claro que o golo seria uma questão de tempo. E chegou aos 22 minutos, num lance em que se misturaram todas as qualidades do ataque benfiquista: a velocidade e o génio de Simão, a mobilidade e a inteligência futebolística de Nuno Gomes e o poder de concretização de Sokota. Um lance onde, dos atacantes encarnados, apenas Geovanni não teve intervenção, mostrando a forma apática como ontem se exibiu. Como, pouco depois, Simão mostrou que tinha escolhido a ocasião para acertar o seu primeiro livre directo da época, o Benfica viu-se a ganhar e a estratégia da Académica foi por água abaixo. Era a altura de Vítor Oliveira começar as substituições.
Benfica mete folga
A ganhar ao intervalo, o Benfica resolveu meter folga para o resto da noite, dando lugar a uma segunda parte mais dividida. A Académica subiu no terreno, agora já com Marcelo no papel de referência do ataque e Fábio Felício e Marinescu (depois Delmer) a apoiá-lo. E, além do mais, surgiu mais agressiva: de umas incríveis cinco faltas cometidas na primeira parte, passou para o triplo (15) nos segundos 45 minutos.
Como, ao fim de um quarto de hora, Camacho também deu a sua ajuda, trocando Sokota por Roger e transformando o 4x4x2 num 4x2x3x1 que permitiu a passagem de Alvim (que deixou de marcar o croata para passar a marcar o brasileiro) para o meio-campo, os homens de Coimbra apareceram mais perto das redes de Moreira.
Fábio Felício começou a fazer-se notar no jogo, mas foi aí que mais se reparou na falta de Dário. Além de pouco atirarem à baliza a não ser no seguimento de livres (foi de lances estratégicos que saíram cinco dos sete remates academistas) não obrigaram o guardião benfiquista a nenhuma intervenção de cuidado.
Dessa forma, até um Benfica em economia de esforços pôde alargar a vantagem, numa bomba de Roger, que repetiu a façanha do jogo de Braga frente ao Moreirense. Mais uma vez saiu do banco para fazer um golo de bandeira, assumindo-se como alternativa credível para Camacho numa altura em que o espanhol não pode contar com Zahovic. Os adeptos, pelo menos, já contam com ele.
Árbitro
AUGUSTO DUARTE (3). A noite não foi fácil, especialmente para os seus auxiliares, dada a forma como a Académica apareceu a jogar, juntando três centrais com a tentativa de explorar o fora-de-jogo. De qualquer forma, pareceram ser mais as vezes em que acertou do que aquelas em que errou. Tecnicamente bem, não teve problemas disciplinares, resolvendo a coisa apenas com dois amarelos. Actuação positiva.
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