E. Amadora-Benfica, 0-3: Arranque demolidor de uma águia de golo fácil
Viajar é uma alegria para este Benfica. Mesmo que o percurso seja curto, como o que ontem trouxe a equipa de Lisboa à Reboleira, os homens de Camacho inspiram-se e transformam o difícil em fácil. O Estrela da Amadora terá sido um adversário demasiado macio, ainda por cima sem acertar com as marcações e com as trocas de posição dos adversários, mas não seria justo imputar a escandalosa limpeza com que os encarnados construíram o triunfo de ontem apenas às debilidades alheias. A verdade é que este Benfica é a equipa com o golo mais fácil da SuperLiga.
Especialmente fora de casa, com o Benfica, os golos vêm antes do domínio territorial. Ontem assim foi. 1-0 aos 3 minutos, ainda os estrelistas estavam a habituar-se à bola. 2-0 aos 10', ainda o adversário estaria a procurar forças para recuperar do primeiro embate. E o jogo resolvido antes mesmo de ter verdadeiramente começado. Camacho fartou-se, a partir daí, de pedir aos jogadores que trocassem a bola, que gerissem o resultado, e foi isso mesmo que eles fizeram. De forma activa na primeira parte, onde ainda marcaram o terceiro golo; sob o formato de treino pré-natalício no segundo tempo, onde o Estrela até deu a ideia de ter equilibrado as operações. Miguel Quaresma deve ter partido para casa com uma dúvida crucial: terá ele acertado com a equipa à segunda substituição ou o equilíbrio de forças ficou mesmo a dever-se apenas ao abrandamento benfiquista?
Sistema híbrido
Muitos dos problemas que o Estrela sentiu nos primeiros 45 minutos terão ficado a dever-se à indefinição do sistema de um raro Benfica sem Simão. Sem o extremo, Camacho fez a equipa entrar em 4x4x2, com Zahovic a fazer a esquerda do meio-campo e João Pereira bem avançado na direita, ambos no apoio a dois pontas-de-lança claramente definidos: Sokota e Nuno Gomes. Ora Quaresma abandonou o 3x4x3 que utilizara frente a Sporting e U. Leiria (quatro golos sofridos em cada jogo) e regressou a um 4x3x3 que fazia de Fonseca lateral-direito e de Pedro Simões central.
O problema é que o 4x4x2 benfiquista mexia-se muito. Sem bola, João Pereira recuava e fazia uma linha com Zahovic e Tiago, mas com ela na posse das camisolas encarnadas, o jovem ala avançava sobre Rui Neves e um dos pontas-de-lança descaía para a esquerda, permitindo a interiorização de Zahovic. No esquema de coberturas do Estrela, Juba era o único vértice recuado do meio-campo, ficando na dúvida sobre qual dos dois pivots centrais adversários tapar: Tiago, que lhe cabia, ou Zahovic, que por lá surgia. Quando o percebeu, já a equipa encaixara dois golos, ambos saídos de falhas de marcação sobre Zahovic e Tiago. Dois golos em quatro remates.
Pelo meio, é verdade, Davide podia ter dado outro cariz ao jogo. Trabalhou bem sobre Cristiano e obrigou Moreira a excelente defesa com os pés, o que vem provar outra qualidade deste Benfica. Mesmo quando a defesa falha - e Cristiano, nos 30 minutos em que esteve em campo, só em falta conseguiu segurar o inspirado extremo estrelista - está lá um guarda-redes cheio de moral e de confiança. Com o zero de ontem, Moreira aumentou para quatro o número de redes invioladas consecutivas na SuperLiga. E ontem ele próprio foi importante para esta intransponibilidade.
O último golo sofrido pelo Benfica no campeonato já data de 12 de Novembro, de um livre de Dinda na deslocação ao Funchal, precisamente a única saída dos últimos três meses em que o Benfica não goleou. É que, além do Estrela, também o Paços de Ferreira e o Alverca foram derrotados por 3-0, a Académica foi batida por 3-1 e o Moreirense por 4-1. Impressionante, para uma equipa que nem marcara nas duas primeiras deslocações (Bessa e Antas).
Acertos
A perder por 3-0 (na verdade tudo começou cinco minutos antes do terceiro golo), o Estrela começou a acertar a equipa. Quaresma retirou Bernardo, sempre incapaz de vigiar Zahovic, e fez entrar Sabry para este partilhar com Rui Baião a missão de comandar a equipa ofensivamente. Não resultou. Ao intervalo, Sabry foi para a ala esquerda, para o lugar até aí ocupado por Semedo, que saiu para dar a lugar a Tiago Lemos.
E o Estrela equilibrou o jogo: com excepção de um remate torto de Zahovic, aos 55', na segunda parte os encarnados só ameaçaram a baliza de Veiga nos descontos. Já estavam a pensar nas rabanadas e no Pai Natal, que vem aí antes do "derby".
Árbitro
LUCÍLIO BAPTISTA (4). Melhor na primeira parte do que na segunda, Lucílio Baptista fez uma arbitragem à europeia. Nos primeiros 45', foram exemplares tanto os auxiliares como o chefe de equipa, evitando apitar a tudo, não indo em quedas simuladas e dando bem a vantagem. Depois, com tudo resolvido (e devia ser mais fácil), voltou o Lucílio de consumo interno, mais apitador. Mas esteve bem nos lances capitais.
Simão esteve na Reboleira
Simão Sabrosa cumpriu ontem um jogo de castigo, na sequência do vermelho com que foi admoestado no encontro frente à Académica, mas, mesmo assim, esteve na Reboleira a assistir ao desafio. O jogador esteve com os companheiros no balneário antes do jogo, seguindo, depois, para a tribuna VIP do estádio.
Elementos dos Diabos detidos
Dois elementos dos "Diabos Vermelhos" foram ontem detidos pela PSP durante o jogo, e a claque acabou por abandonar o estádio mais cedo, sob protesto. Rumaram à esquadra ali bem perto para se inteirarem do que se passava com os companheiros e, no local, voltou a gerar-se confusão. A claque tentou apresentar queixa contra a polícia.
Estreia de Hélio Pinto
Hélio Pinto estreou-se ontem com a camisola do Benfica em jogos da SuperLiga. O jovem atleta, que já há algum tempo treina-se com o plantel principal, apenas tinha jogado uns minutos no Molde- -Benfica. Na Reboleira, com a equipa a ganhar por 3-0, Camacho deu-lhe a oportunidade de se estrear nas competições nacionais. Entrou aos 88 minutos para o lugar de Miguel.
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