A facilidade com que o Benfica chegou ao 2-0 deixou supor uma goleada. O marcador acabou por não sofrer alteração, o que não significa, porém, que tenham escasseado oportunidades. Antes pelo contrário, quer no período final da primeira parte quer, a espaços, no segundo tempo, os encarnados construíram ocasiões susceptíveis de aumentar - e bem - o "score".
Foi, para todos os efeitos, o jogo ideal para sarar possíveis feridas de uma eliminação injusta na Taça UEFA. E depois das dores de cabeça causadas por Recoba, Vieiri e Martins, estes "touros mansos" de Alverca vieram mesmo a calhar. Tratou-se, ao fim e ao cabo, de uma exibição q.b. da turma da Luz, que nunca passou por aflições e controlou, amiúde, as operações. Foi, ainda, o jogo ideal para Luisão e Fyssas mostrarem serviço: o brasileiro marcou um e esteve no outro golo e o grego rubricou a melhor actuação desde que está no futebol português.
Camacho deu descanso a Ricardo Rocha, optou por Hélder ao lado de Luisão, trocou o castigado João Pereira por Geovanni e lançou a dupla de pontas-de-lança ao dispor (Zahovic nem equer foi convocado). O pulmão da equipa, esse, manteve-se inalterável, com Petit e Tiago em acção, não obstante os propalados problemas físicos de qualquer um. Mas diz o espanhol, e bem, que as folgas semanais chegam para dar descanso...
De rajada
O Benfica obteve os dois golos bastante cedo, como já se disse. Aliás, os primeiros dois remates resultaram em outros tantos tentos, sinal de que a estratégia defensiva montada por José Couceiro ruiu como um castelo de cartas.
Com Diogo a ocupar-se do segundo ponta-de-lança do Benfica e a funcionar, na circunstância, muitas vezes como terceiro central, o Alverca dispôs no meio-campo um trio de contenção (Ramires, Torrão e Gabriel) que raramente conseguiu servir Rodolfo Lima e Alex Afonso, os homens mais avançados e este último bem encostado ao seu flanco, o esquerdo, com o nítido propósito de impedir as incursões de Miguel.
A vantagem lançou o Benfica para uma toada solta e até despreocupada, tal a facilidade com que controlava a partida e surgia nas imediações da área à guarda de Yannick. Depois de algumas ameaças sem consistência os encarnados tiveram um curto período em que podiam ter duplicado a vantagem: Simão, aos 39', obrigou Yannick a intervenção valorosa, e aos 41' atirou à barra, sempre na sequência de bons trabalhos individuais.
Pelo meio, aos 40', Tiago desperdiçou também um bom ensejo.
O Alverca parecia condenado a tímidas investidas. Mesmo assim, Alex Afonso ainda obrigou Moreira a aplicar-se, no único remate "de jeito" do conjunto ribatejano em todo este período.
Com Diogo perdido entre a ajuda no "miolo" e a vigilância a Nuno Gomes, e Ramires demasiado preocupado em ajudar Amoreirinha perante o desequilibrador Simão, poucas peças restavam ao Alverca para tentar o equilíbrio.
Ao intervalo, José Couceiro lançou Vargas (saiu Ramires) e pouco depois substituiu Gabriel por Zé Roberto. A equipa passou a desdobrar-se melhor, a controlar mais a bola, mas nem por isso criou dores de cabeç.a ao ontem imperial Luisão.
Perdulários
Sem correr riscos, srntindo o jogo ganho, os jogadores do Benfica passaram a aproveitar melhor os espaços e a lançar contra-ataques na consequência do tal adiantamento do Alverca. Por várias vezes o 3-0 esteve iminente.
Porém, os encarnados revelaram-se algo perdulários. Nuno Gomes (ainda obrigou Yannick a estupenda defesa) e Sokota também não revelaram inspiração por aí além, restando Simão para desequilibrar e assim surgir inúmeras vezes em posição ideal e quase cara a cara com o guarda-redes francês. Só que Yannick efectuou um punhado de belas intervenções e impediu, sistematicamente, o aumentar da diferença.
As entradas de Manuel Fernandes, primeiro, Fernando Aguiar e Alex, depois, nada de novo trouxeram à equipa, pese um ou outro raide do mais jovem do plantel, que não quis deixar passar em claro mais uma oportunidade dada por Camacho.
Em suma, obrigação cumprida num jogo sem espinhas. Tal como contra o Belenenses, para a Taça de Portugal, a equipa entrou decidida e arrumou cedo a questão. Depois do desgaste de Milão não se podia exigir mais.
O Alverca, que vinha de uma goleada em casa (1-4 com o Rio Ave), podia ter sofrido outra. A seguir ao intervalo lá se recompôs e depois Yannick fez o resto. Vai ser sofrer até ao fim.
Árbitro
Hélio Santos (3). Actuação sem problemas do juiz lisboeta num jogo sem grandes casos e também sem problemas levantados pelos jogadores. Há um lance em que a bola vai à mão de Amoreirinha, mas o cruzamento de Simão é feito muito em cima e o árbitro considerou, certamente, não existir intenção do defesa do Alverca. Só mostrou o amarelo por duas vezes.
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