Benfica-U. Leiria, 0-0: Ameaçar com goleada e viver de rendimentos
Não houve golos, mas os mais de 60 mil espectadores que quase encheram as bancadas da Luz para a despedida do campeonato tiveram razões para sair satisfeitos. Os que apoiavam o Benfica porque, mesmo empatando em casa, viram o seu clube do coração assegurar o segundo lugar e a pré-eliminatória da Liga dos Campeões; os que estavam pela União de Leiria porque, mesmo vendo a sua equipa abdicar por inteiro do ataque, podem festejar o aumento da já longa série de invencibilidade para 12 jogos, desde a recepção ao Nacional, em Fevereiro.
O jogo correu em ritmos diferenciados: antes e depois de as equipas acharem que era tarde demais para errar. A União de Leiria achou-o muito cedo e, depois de uma entrada de rompante - quase marcou no primeiro minuto, no qual beneficiou do seu único canto - foi-se apagando gradualmente. Primeiro por influência do Benfica, cujo "pressing" foi asfixiante até à meia hora de jogo, depois porque optou por controlar o jogo mais atrás, abandonando os três avançados que manteve em campo até final à sua sorte e apostando apenas nos livres de Edson (três remates entre os 30 e os 40 minutos, o último dos quais à esquina da barra e do poste da baliza de Bossio). Já o Benfica só pensou em guardar o ponto que lhe vale a entrada na pré-eliminatória da Liga dos Campeões a meio da segunda parte. Exactamente a partir do momento em que o Sporting se colocou em vantagem em Guimarães e um golo sofrido podia ser sinónimo de desastre.
Surpreendido nos primeiros instantes, o Benfica foi impondo o seu 4x4x2 elástico (às vezes é mais um 4x2x4) e, muito graças à superioridade nos flancos, onde cada dupla encarnada apanhava apenas com um leiriense, arrancou para uma primeira meia hora de bom nível. Nesse período, essencialmente pela esquerda (que na direita Miguel voltou a evidenciar como um lateral de classe Mundial pode transformar-se num extremo banal) podia ter marcado por três ou quatro vezes: aos 15' Simão fugiu pela esquerda e chutou contra Helton; aos 16' foi Sokota que se isolou e, com Nuno Gomes ao lado, acertou em Helton; aos 27', o guarda-redes brasileiro teve de se esticar ao máximo para deter uma meia-distância de Tiago e aos 28' foi a vez de Nuno Gomes ultrapassar Helton mas ver João Paulo deter-lhe o remate em cima da linha. Acabou aí o Benfica pressionante, dando lugar a um onze a meio gás, que não apoquentou Helton até ao intervalo.
Repetir Alvalade
Como a segunda parte não começou melhor do que acabara a primeira, Camacho pensou repetir as substituições de Alvalade. Fê-lo com uma pequena variação (em vez de sair Nuno Gomes saiu Sokota), mas voltou a trocar o 4x4x2 pelo um 4x2x3x1 com Tiago no apoio ao ponta-de-lança. O problema é que as mesmas trocas têm resultados diferentes se feitas em jogos diferentes. E nem sempre resultam. Ontem, por exemplo, Camacho falhou, porque deu a Vítor Pontes a possibilidade de adiantar Otacílio (que vigiava os pontas-de-lança do Benfica a meias com João Paulo) para o meio-campo, equilibrando os visitantes.
Até final, se a União de Leiria manteve a falta de profundidade atacante - nem um remate, nem um canto nos segundos 45 minutos e um buraco enorme entre o meio-campo e o ataque, aumentado ainda com a dificilmente explicável saída de Edson - o Benfica só criou perigo em lançamentos rápidos e longos. Especialmente num, em que Nuno Gomes viu outra vez João Paulo salvar as suas redes com mais um corte em cima da linha.
Em suma, nada de golos. Mas os jogadores das duas equipas saíram abraçados e satisfeitos. Tinham cumprido os objectivos.
Árbitro
Augusto Duarte (3). O jogo foi fácil de dirigir e Augusto Duarte não o complicou. Confirmou a fama de gostar pouco de usar os cartões, poupando Otacílio à acção disciplinar que este justificava. E falhou na colocação das barreiras: Edson chegou a bater livres com adversários a pouco mais de cinco metros, que é quanto mede cada faixa transversal de relvado da mesma cor.
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