P. Ferreira-Benfica, 0-3: João ''partiu a mobília'' e depois foi só gerir
O "puto" João Pereira foi determinante na vitória do Benfica, em Paços de Ferreira, pela eficácia que revelou em termos de finalização. O Benfica fez três remates na primeira parte, um por Sokota, à figura de Pedro, e dois por João Pereira, de que resultaram os dois primeiros golos do Benfica. Ou seja, os dois únicos remates que fez à baliza pacence durante todo o jogo foram transformados em golo: cem por cento de eficácia!
De resto, a vitória robusta do Benfica acaba por transmitir a ideia de uma superioridade que não esteve em consonância com o que se passou no terreno de jogo durante a primeira parte. Com efeito, se o Benfica entrou melhor na partida, a querer assumir a despesa, a verdade é que o Paços rapidamente equilibrou as operações e até criou a primeira oportunidade de golo: aos 12', Zé Manel rematou para fora, com Moreira fora da baliza após choque com Ricardo Rocha. O jogo estava muito repartido, sem que uma e outra equipa ganhasse supremacia a meio-campo, por força do equilíbrio que se registava nos despiques individuais pela posse da bola.
"Calcanhar de Aquiles"
O lado esquerdo da defesa do Benfica era o "calcanhar de Aquiles" da equipa, por onde o Paços criou todos os seus lances de perigo, mas ironicamente foi por esse lado da defesa pacense que o miúdo João Pereira, assim uma espécie de "Speedy Gonzalez" da Luz, construiu o resultado. Sokota esteve bem a segurar a bola com Filó nas costas - o central pacence nunca atinou com a forma de anular o croata - e tocá-la para João Pereira, mas o remate deste foi... perfeito. Cruzado, de ângulo difícil, poucas vezes sai com tanta colocação, junto ao poste mais distante. Mérito do puto.
O Paços reagiu e foi à procura do empate. O jogo continuou equilibrado, mas o lado esquerdo da defesa - uiii! Cristiano, mas Simão também não lhe dava uma mãozinha - era um "passador". Aos 43', foi Ricardo Rocha a dobrar, "in extremis" o brasileiro.
Mas o destino do jogo iria ser traçado pelo pé direito de João Pereira. Um minuto depois, o miúdo explorou muito bem o facto de o seu marcador directo, Zé Nando, estar a receber assistência fora do campo, para aparecer no coração da área, livre de marcação, a fazer o segundo golo e a liquidar o jogo. Zé Nando, que já no primeiro golo falhara na marcação a João Pereira. Mas no segundo, estando ele fora do campo, a quem cabia fazer a compensação? Uma falha grave que custou caro.
Ao intervalo já o Benfica tinha o jogo ganho, sem ter feito uma grande exibição. Mas teve o mérito e a eficácia de marcar em momentos-chave. João Pereira chutou duas vezes e fez dois golos; Zé Manel chutou sete ou oito vezes e nenhum deles enquadrado com a baliza.
Paços não desarma
É um facto que o Paços não deitou logo a "toalha ao ringue", entrou mesmo com "gás" e vontade de tentar dar a volta ao jogo no início da segunda parte. Mas apanhou pela frente um Benfica moralizado e confiante, que sabia o que tinha de fazer para não deixar "fugir o pássaro" que tinha na mão.
José Mota cumpriu o que prometera: iniciou o jogo em 4x3x3, disposto a discuti-lo taco a taco, por isso não lhe restou margem de manobra para ir mais além. O problema não era, de todo, do sistema de jogo. Seja como for, a equipa balanceou-se mais para o ataque, passou a pressionar mais à frente, e com isso a abrir mais espaços na retaguarda. A defesa do Benfica mostrou solidez - Miguel esteve intransponível e Ricardo Rocha intratável - e bastou gerir e passar a explorar os espaços com tranquilidade. A sensação de ter o jogo na mão acentuou-se ainda mais depois de Fernando Aguiar ter feito o terceiro golo. Mas o resultado já estava feito antes do intervalo.
Deu para tudo. Até para Camacho substituir João Pereira à beira do fim para este receber os merecidos aplausos. A equipa mantém algumas lacunas, nomeadamente no lado esquerdo da defesa e no lugar de "pivot" do meio-campo, mas melhorou de produção em relação ao jogo com o Rio Ave.
O Paços de Ferreira não é, decididamente, a mesma equipa que era com José Mota, a época passada. Faltaram duas "pedras" influentes no meio-campo, Beto e Paulo Sousa, mas a equipa perdeu consistência em termos colectivos. Não joga de olhos fechados como antes. Os automatismos não saem, a fluidez de jogo não é a mesma, tão-pouco a autoconfiança, o que é natural para uma equipa que é o "lanterna vermelha".
Árbitro
Olegário Benquerença (4). Houve dois lances em cada uma das áreas em que foi pedido "penalty", em que Zé Manel e Sokota foram protagonistas, mas o árbitro esteve bem em nada assinalar. Mas aos 76', outro lance na área que envolveu o mesmo Sokota e Adalberto suscitou algumas dúvidas. Seja como for, não comprometem o trabalho globalmente positivo de Benquerença, a quem se pede que apite com mais suavidade para nos poupar os tímpanos.
Siga-nos no Facebook e no Twitter.