U. Leiria-Benfica, 3-3: Dia de tudo ou nada deixa candidato tonto
O dia do tudo ou nada para o Benfica resultou no resultado meias-tintas, que não é tudo, nem é nada. Empatar com a União de Leiria, na estreia do Estádio Magalhães Pessoa em jogos da SuperLiga, afasta ainda mais as águias do líder FC Porto – já vão a onze pontos, no fim da primeira volta – e significa mais um soco bem em cheio em quem tentava preservar uma equipa minimamente motivada: o treinador José Antonio Camacho, que gritou vitalidade a plenos pulmões, mas teve uma recompensa pífia.
O melhor do jogo foram os muitos golos marcados e os reforços de Inverno da União de Leiria, que acrescentaram à equipa muita qualidade, traduzida em maiores competências na organização de jogo e na finalização. Com meia dúzia de treinos, os ex-portistas Tiago e Hugo Almeida, e o sportinguista Luís Filipe foram absolutamente decisivos na construção do resultado. E para este desfecho, para além dos riscos que o treinador Vítor Pontes decidiu correr, virando a equipa do avesso, muito contribuíram também os cirúrgicos empréstimos patrocinados por FC Porto e Sporting, que beneficiam assim do afastamento quase irremediável do Benfica na disputa do título.
Expectativa
Esperava-se que o Benfica fosse a equipa da iniciativa, à procura de um resultado inequívoco, que deixasse para trás a tragédia da semana passada. Camacho voltou a apostar no 4x4x2, devolvendo a João Pereira a titularidade, no flanco direito, e optou por sentar Zahovic no banco. Havia a novidade Fyssas na esquerda e foi concedida nova oportunidade ao lateral-direito Armando. Tudo parecia equilibrado. Parecia.
Conhecedor das intenções do adversário, Vítor Pontes surpreendeu com um 3x4x3 bem ginasticado. Dois centrais (João Paulo e Gabriel) para cobrirem os pontas-de- -lança do Benfica, mais o líbero Paulo Gomes. Os habituais laterais Bilro e Edson subiram e encostaram-se bem a João Pereira e Simão, que, durante a primeira parte, praticamente não existiram (com excepção de um cruzamento tirado pelo primeiro a que Sokota deu boa sequência, mas contou com a oposição de Helton).
As intenções que o Benfica pudesse ter foram desde logo limitadas pela estratégia do adversário. Depois ainda se assistiu ao colapso inicial da defesa, completamente baralhada pela dinâmica do tridente Luís Filipe-Hugo Almei- da-Douala, verdadeiramente estonteante para jogadores de pouca mobilidade como são os defesas-centrais Hélder e Luisão, com grandes dificuldadades nas suas tarefas específicas e mais ainda nas emendas aos erros dos laterais. Os sucessivos contra-ataques dos leirienses foram um pesadelo atenuado por um golo de Sokota, na sequência de uma cabeçada de Luisão, que levou o Benfica para o intervalo a perder apenas por um golo.
Complacência
A vantagem dos leirienses levou-os a cometer o erro das equipas que pensam pequeno: ofereceram espaço e tempo ao Benfica e pagaram por isso. Simão apareceu no jogo, Nuno Gomes também, e o empate (2-2) consumou-se.
Mas a história podia ter tomado outro rumo não fosse a atenção de Moreira, em dois lances consecutivos, a evitar finalizações bem sucedidas de Hugo Almeida e Tiago (sempre os portistas!).
Camacho decidiu-se então por repetir a opção da Luz, frente ao Sporting. Deixou a equipa sem extremo-direito e lançou Zahovic no jogo. A defesa estava mais compostinha com a presença de Argel, o meio-campo ganhou animação, os atacantes sentiram-se mais compensados. E o Benfica virou mesmo o resultado, num lance arquitectado por Zahovic, que contou com a colaboração de Tiago e o toque final de Nuno Gomes. Uma reviravolta, que animação para o candidato.
Durou três minutos a vantagem das águias, de novo atropeladas pelo ataque da União de Leiria. A forma como Hugo Almeida ganhou a bola aos centrais e Douala apareceu isolado, deixando o então lateral João Pereira para trás, para finalizar na cara de Moreira, foi exemplar. O Benfica com dois pontos perdidos, por ter uma defesa lenta, pesada, sem agilidade, os leirienses com um pontinho somado por disporem de jogadores reactivos.
As virtudes da abertura do mercado, no Inverno, ficaram bem expressas ontem. A União de Leiria aproveitou, o Benfica, para já, deu um tiro de pólvora seca com a contratação do desejado Fyssas.
Árbitro
António Costa (2). O árbitro de Setúbal costuma ser aziago para o Benfica e não foi ontem ainda o dia da excepção. Logo no início do jogo (5'), bem em cima do lance, deixou por assinalar uma grande penalidade cometida por João Paulo sobre Nuno Gomes. Na segunda parte, o seu assistente Venâncio Tomé tirou mal um fora-de-jogo a Sokota (73'), quando este estava em condições de se isolar frente a Helton.
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