A JOGADA do primeiro golo do desafio, um típico lance de contra-ataque, executado como mandam os cânones, do início à finalização, não foi um momento isolado, único, do futebol pensado e desenvolvido, com a rapidez que se exige, pela Académica, a qual justificou, plenamente, o empate ante um conjunto que luta por objectivos distintos. Os estudantes foram, inquestionavelmente, a melhor equipa na primeira parte. Na segunda, o Benfica procedeu a várias alterações, logrou o golo e melhorou a produtividade. No entanto, globalmente falando, a exibição dos benfiquistas traduz-se num... suficiente menos.
Carlos Garcia, técnico dos academistas, tem motivos para encarar a II Liga com alegria, com tranquilidade, pois a sua equipa demonstrou, de forma inequívoca, que conhece os fundamentos do jogo. Os estudantes demonstraram que sabem utilizar o contra-ataque como mandam as regras e que, por isso, frente a adversários teoricamente mais capazes, podem, perfeitamente, fazer muitas desfeitas.
Jupp Heynckes, esse, não poderá estar tão optimista quanto o homólogo conimbricense, salvaguardadas as devidas proporções. A exibição do Benfica foi francamente pobre. O Benfica desiludiu e nem o facto de o técnico alemão não contar com Sabry e Ronaldo pode constituir-se como atenuante. Mesmo sem o egípcio e o brasileiro, a equipa da Luz tem, obrigatoriamente, de jogar mais.
Uribe estreou-se nesta pré-temporada, Pierre van Hooijdonk ainda não está entrosado, Carlitos, Miguel, Marchena e Escalona são novos na Luz. Um conjunto não se forma num mês. Heynckes está, ainda, à procura da identidade da equipa. Tudo isto é verdade. Mas, com o campeonato à porta, os benfiquistas têm razões bastantes para estar preocupados.
A primeira parte colocou a nu umas quantas insuficiências, bem como alguns equívocos. Em boa parte por culpa de uma Académica que sabe o que faz e, ainda por cima, joga bonito, quando revela pragmatismo. Mas, em grande medida, as responsabilidades têm de ser assacadas a Jupp Heynckes e aos seus pupilos.
DUDIC E O MURO...
Os problemas de Heynckes começam na defesa. Dudic parece ver na linha divisória do terreno um muro intransponível, tal como Escalona, embora o chileno tenha, sem sofisma, outra categoria. Os centrais - é certo que falta Ronaldo, mais que provável efectivo - ainda estão perros - Sérgio Nunes não teve pernas para acompanhar Dário - e os médios, Kandaurov e Uribe, jogaram... parados. Miguel e Carlitos actuaram junto às linhas, mas não lograram os cruzamentos indispensáveis para os pontas-de-lança, Pierre van Hooijdonk e João Tomás, que raramente foram solicitados. O ex-jogador do Gil Vicente só protagonizou um cruzamento aos 34 minutos, altura em que a Académica já poderia estar a vencer por margem mais dilatada. Moral da história: os estudantes dominavam os acontecimentos, desenvolvendo contra-ataques e o Benfica não conseguia criar desequilíbrios na ofensiva, não obstante, uma vez ou outra, Miguel ter tentado as diagonais.
Na segunda parte, o panorama mudou, mas pouco. A Académica só fez duas substituições e, obviamente, jogadores houve que perderam fulgor, facilitando a tarefa ao Benfica, o qual já deu um ar da sua graça. A equipa movimentou-se de forma diferente, ganhou espaços, criou algum perigo e até marcou, fruto de um lance simples, mas eficaz e, por isso, de belo efeito. No entanto, tal melhoria foi pouco significativa.
O árbitro, José Leirós, também está em fase de preparação. Mas, pelos vistos, atrasada, em matéria disciplinar, pois esqueceu-se de exibir o cartão amarelo a Monteiro, Kandaurov, Uribe e Marchena.
GOLOS
1-0, por DÁRIO. Lucas ganha a bola na esquerda, à entrada do meio-campo benfiquista, e isola Dário, o qual supera Sérgio Nunes, foge de Bóssio, deambula para a direita e atira, com tranquilidade, a contar.
1-1, por JOÃO TOMÁS. Poborsky, na direita do meio-campo academista, cruza para o coração da área, onde João Tomás, em antecipação e de cabeça, alcança um tento de belo efeito.
FICHA DO JOGO
ACADÉMICA-BENFICA, 1-1
Estádio Municipal de Coimbra
Árbitro: José Leirós (Porto)
Assistentes: Paulo Januário e António Perdigão
ACADÉMICA - PEDRO ROMA, ROCHA, MOUNIR, CAMILO, DYDUCH, ZÉ NANDO, MOACIR, PAZITO, LUCAS, MONTEIRO, DÁRIO.
Treinador: CARLOS GARCIA
Jogaram ainda: Leandro e Miguel
BENFICA - BOSSIO, DUDIC, MARCHENA, SÉRGIO NUNES, ESCALONA, KANDAUROV, URIBE, CARLITOS, MIGUEL, VAN HOOIJDONK, JOÃO TOMÁS.
Treinador: JUPP HEYNCKES
Jogaram ainda: Paulo Madeira, Calado, Chano, Poborsky e Toy
Ao intervalo: 1-0
Acção disciplinar: cartão amarelo a Poborsky (75)
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