Benfica-D. Corunha, 0-1: Um voo raso benfiquista
AO QUARTO jogo de preparação, a primeira derrota do Benfica 2000/2001. O campeão espanhol, Deportivo da Corunha, desfalcado de Naybet, Mauro Silva, Makaay, Djalminha, Flávio Conceição, Valeron, Molina, ficou pelo segundo ano consecutivo na posse da Taça Ibérica, mas os encarnados deixaram uma imagem positiva, sobretudo pelo que fizeram na segunda parte, onde apresentaram um tipo de futebol mais acutilante e perigoso para a baliza do Corunha, onde o que faltou foi mais frieza na finalização.
Se o valor deste Benfica fosse apenas ajuizado pela primeira parte realizada pelos encarnados, então Heynckes teria razões para estar preocupado. A equipa conseguiu fazer uma agradável circulação de bola, especialmente nos primeiros quinze minutos, mas depois faltou sempre o último passe em condições para servir o desamparado e solitário Van Hooijdonk, muitas vezes obrigado a recuar no terreno à procura da bola. O futebol do Benfica era oval, sem progressão, com um índice elevado de passes lateralizados e para trás. Só as iniciativas individuais de Sabry, Carlitos e Maniche conseguiam incomodar a defesa espanhola, mas nada do outro mundo.
As mudanças vieram na segunda parte, com a passagem de Meira para o meio-campo, ele que já fora o melhor em campo no primeiro tempo, formando com Chano um bloco central muito mais interventivo que a dupla Calado/Kandaurov. Depois houve Poborsky na direita, mais acutilante que Carlitos, que voltou a ser opção inicial para Heynckes, e a magia de Sabry foi mais intensa.
As águias já tinham levantado voo, mas voavam raso. A pecha da finalização continuou sempre presente. Van Hooijdonk, que passou a primeira parte à espera que fosse servido em condições, teve, finalmente, aos 54 minutos, a primeira e única oportunidade pela frente para marcar, mas o remate do holandês saiu ligeiramente ao lado da baliza de Songo’o. Logo a seguir, foi a vez de Maniche, na cara do guarda-redes, falhar o golo. O Benfica pode queixar-se de alguma infelicidade. Viu dois golos serem-lhe anulados (Sabry e Maniche), aparentemente bem ajuizados pelo árbitro, embora o último deixe algumas dúvidas quanto à posição de Maniche, numa altura em que a equipa estava em crescendo; viu Ronaldo lesionar-se num período do jogo em que, com Meira adiantado para o meio-campo, os encarnados estavam a empurrar o Corunha para o seu último reduto (Meira teve de voltar a ocupar a posição de defesa-central).
E o próprio golo do Corunha, que mesmo desfalcado das suas vedetas, conseguiu ser superior ao Benfica na primeira parte, nasceu de uma infelicidade do brasileiro Ronaldo, que ao virar as costas à bola acabou por desviar a trajectória da mesma e enganar Robert Enke.
Concluindo: se o resultado foi negativo para o Benfica, Heynckes deve ter tirado algumas ilações importantes: a mais positiva é que Fernando Meira é fundamental nesta equipa e a sua colocação no meio-campo dá outra dimensão ao futebol do Benfica, cuja dupla Calado/Kandaurov, num teste a sério, voltou a não funcionar; a corrigir, o apoio a Van Hooijdonk, que sábado esteve sempre muito desamparado na frente do ataque encarnado. Cá a trás, na defesa, Dudic voltou a desiludir.
O árbitro Paulo Paraty esteve bem. Fica-nos só a dúvida, no segundo golo anulado ao Benfica, se Maniche estaria em posição ilegal.
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