Ainda que o caminho para a resolução do impasse na Liga continue a parecer longo e tumultuoso, foi ontem dado um importante passo na tentativa de encontrar uma solução que agrade à maioria dos clubes profissionais.
Lado a lado, Pinto da Costa e Luís Filipe Vieira foram os principais rostos de um entendimento global, que visa retirar o apoio à liderança de Mário Figueiredo, partindo, depois, para um novo ato eleitoral onde se tentará encontrar uma alternativa de confiança.
Com a certeza de que só com a marcação de novas eleições se pode impedir que a situação financeira da Liga se agrave, a maioria dos dirigentes assinou um requerimento que será entregue nas próximas horas ao presidente da mesa da assembleia geral, reafirmando essa vontade, assim como a intenção de que Mário Figueiredo repense o seu lugar na presidência da Liga.
O presidente do FC Porto chegou na companhia de António Salvador, líder do Sp. Braga, ao Hotel Quinta das Lágrimas, em Coimbra, onde já estava Luís Filipe Vieira. Ausente esteve Bruno de Carvalho, presidente do Sporting, que se fez representar por Carlos Vieira, responsável financeiro da SAD, e por Patrícia Lopes.
Otimismo
Tiago Ribeiro, presidente do Estoril, foi o porta-voz escolhido para anunciar as conclusões de uma reunião que demorou cerca de duas horas. “A reunião correu muito bem, foi bastante pacífica. Há uma primeira iniciativa e um passo inicial e essencial para que a Liga possa ter um caminho diferente”, começou por dizer o líder dos canarinhos, deixando depois alguns avisos a Mário Figueiredo. “Não tem qualquer clube ao lado dele. Queremos um novo ato eleitoral, onde todos poderão concorrer, os que já o fizeram e os outros. Depois, se vai ou não haver lista consensual, o futuro o dirá. Mário Figueiredo tem de entender a vontade dos clubes. Ele tentou uma solução que não é viável, colocando a Liga na iminência de um colapso financeiro. Ou sai imediatamente, ou espera pelo novo ato eleitoral e vai ser afastado, uma vez que não será reeleito”, sublinha.
As certezas sobre a necessidade de mudança não encontram paralelo na indicação de um nome que esteja perfilado para liderar a reformulação. Tiago Ribeiro é perentório ao assumir que esse nem é, para já, um ponto importante. “Não há qualquer nome em cima da mesa, até porque importante é a iniciativa conjunta e consensual para este novo ato eleitoral. Quem quer que venha a ser escolhido, não o será pelo nome, mas sim pela capacidade de conduzir a Liga para uma alteração estatutária profunda, para que se devolva a governação aos clubes.”
Tiago Ribeiro falou ainda sobre a ausência de Bruno de Carvalho, rejeitando qualquer limitação por o presidente do Sporting não ter estado presente. “Ele esteve representado e não é a sua falta que deixa de engrandecer esta reunião. Tivemos cinco ausências, devidamente justificadas [n.d.r.: Penafiel, Atlético, Chaves, Santa Clara e Feirense], mas houve uma reunião pacífica, sem discussões e sem clubismo”, disse.
Leões "de fora"
Além dos cinco clubes ausentes, outros três não assinaram o requerimento. Entre eles o Sporting. Depois da explicação dada por Carlos Vieira, Pinto da Costa, sabe Record, não conteve um desabafo: “Tanto tempo para não dizer nada”. Segundo apurámos, as razões para que o documento não tenha sido assinado prendem-se com o facto de os leões pretenderem discutir o funcionamento da Liga e não nomes. Nacional e U. Madeira, por apoiarem Rui Alves, foram os outros clubes que não subscreveram.
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