Nos últimos três anos, Portugal teve dois campeões do Mundo de todo-o-terreno. Em 2011, por Hélder Rodrigues, e o ano passado através de Paulo Gonçalves. Mas, como diz o ditado, não há duas sem três e o nosso país pode voltar a erguer o cetro, se Gonçalves conseguir bisar. Mas a vida do piloto de Esposende não está fácil, pois parte para a derradeira prova, em Marrocos, com 10 pontos de desvantagem para o líder, o espanhol Marc Coma.
“Ao contrário de 2013, este ano não dependo apenas de mim para ser campeão. Tenho de fazer contas, faz-me lembrar a nossa Seleção [futebol]”, disse um bem-humorado Paulo Gonçalves, mas ciente das dificuldades para voltar a ser o n.º 1 “O ano passado, também cheguei à última prova no 2.º lugar, mas dependia apenas de mim para ser campeão. Este ano volto a estar em 2.º, mas não me basta vencer em Marrocos. Tenho de esperar ainda que o Coma não faça melhor que a 6.ª posição. Vai ser difícil, pois trata-se de um piloto que raramente comente erros.”
À luta
Apesar de considerar que a situação não é fácil, o piloto da Honda não vai entregar o ouro ao bandido sem dar luta. “É uma corrida especial, tudo pode acontecer. Vamos esperar que tudo corra bem, com total respeito pelos adversários. Estou mais perto de poder ser campeão do Mundo do que do terceiro lugar. Seja como for, está tudo em aberto em relação ao pódio”, explicou.
O Rali de Marrocos, que começa sexta-feira e se prolonga até ao dia 9, é, de resto, de boas recordações para Paulo Gonçalves, pois foi neste país do Norte de África que se sagrou campeão do Mundo em 2013. “As expectativas são de novo altas para este ano. Venci em Marrocos e festejei o título. Mas, como disse, este ano há a diferença de não depender apenas de mim. Faltam 2.000 quilómetros vou tentar conservar o n.º 1 na minha moto.”
Marc Coma lidera então o Campeonato do Mundo com 71 pontos, seguido do português com menos 10, ficando o pódio provisório completo com outro espanhol, Joan Barreda, que tem 45 pontos.
Campeonato muito equilibrado
Paulo Gonçalves chamou a atenção para o facto de o Mundial deste ano estar a ser muito equilibrado, registando-se cinco vencedores para cinco provas. O português abriu com vitória nos Emirados Árabes Unidos, sendo que Coma ganhou a última, o Rali dos Sertões, no Brasil. Já Joan Barreda venceu no Qatar, para o boliviano Carlos Salvaterra se impor no Egito. A outra vitória, em Itália, foi conseguida por Alessandro Botturi, dos Emirados Árabes Unidos.
Testar e afinar motos com vista ao Dakar
O piloto de Esposende chegou a Marrocos na segunda-feira, depois de ter estado em Barcelona na apresentação da equipa da Honda que vai disputar o Dakar. Ontem, já foi dia se fazer às pistas africanas. “O Rali de Marrocos reveste-se de grande importância. Não só porque está em causa a atribuição do título mundial, mas também porque aproveitamos estes dias antes de a prova começar para testar e afinar as motos, pois já não falta muito para o Dakar.”
Nesta situação encontram-se também Hélder Rodrigues, colega de Gonçalves na Honda, assim como Ruben Faria, que corre pela KTM. Ambos figuram igualmente no top 10 do Mundial, em quarto e sexto, respetivamente, com possibilidades de subirem na tabela. O melhor resultado de Rodrigues é o terceiro lugar no Qatar, enquanto Faria foi sétimo em Itália e no Brasil.
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