Aqui fica um artigo deveras interessante de António Piedade sobre sismologia: Terramotos ou maremotos nunca vêm a propósito. Mas, perante a impotência humana para fazer face às mais recentes e violentas movimentações das camadas superficiais da crosta do nosso planeta, reacende-se o apelo mais genuíno à habilidade humana em compreender a natureza deste fenómenos devastadores. Apesar da aparente fragilidade dos actuais modelos geológicos em prever, com uma antecedência humanamente útil, as movimentações da crosta terrestre, a acumulação de informação que resulta da observação e registo dessas mesmas movimentações validam o conhecimento e permitem corrigir e ajustar os modelos.
Por exemplo, a observação e análise do grande terramoto que em 1906 flagelou São Francisco (Estados Unidos da América) permitiu ao geofísico norte-americano Harry Fielding Reid propor, faz agora 100 anos, uma teoria para explicar a causa dos terramotos. Segundo o modelo nela incluso, os terramotos resultariam do movimento relativo de uma falha ou fractura na crosta do planeta, contra ou sobre um outra falha. As teorias anteriores invertiam a relação causa – efeito e postulavam, de acordo com o senso comum, que seriam os terramotos que originavam as falhas.
Também nesse mesmo ano de 1910, Frank B. Taylor propôs, por intuição, a movimentação dos continentes na litosfera terrestre (a camada exterior do planeta composta por rochas no estado sólido) e que uma região menos profunda no atlântico (hoje identificada como a dorsal meso-atlântica) seria o resquício da separação dos continentes africano e sul-americano. Esta proposta seria mais tarde incorporada na teoria mais ampla da deriva continental. Esta, proposta pelo meteorologista alemão Alfred Lothar Wegener em 1912, sugeria a partir de dados provenientes de várias disciplinas científicas, que os continentes actuais teriam divergido, quais jangadas, a partir de um continente único e primevo, designado por Pangea (do grego: todas as terras).
A confirmação destas teorias ocorreria décadas depois e, principalmente, devido à instrumentação de observação, detecção e análise derivadas de tecnologia militar desenvolvida para as grandes guerras, de que o sonar é um bom exemplo. Isto permitiu um acumular de conhecimento geológico sem precedentes. Foi assim confirmada não só a deriva continental, assim como identificada a expansão dos fundos oceânicos (por Hess, em 1962). Assim, inúmeras observações da dinâmica da litosfera levaram à incorporação das interpretações sísmicas anteriores na teoria designada por tectónica de placas. A formulação desta teoria, através dos contributos complementares e multidisciplinares de Wilson, (1966), McKenzie e Parker (1967), Morgan (1968) e Le Pichon (1968) durante a década de 60 do século XX, proporcionou uma abordagem interdisciplinar no estudo da Terra, confluindo o conhecimento fornecido por diversas ciências como a sismologia, a paleontologia, a petrografia, a física dos materiais, entre outras. Fonte: http://dererummundi.blogspot.com/2010/03/porque-terra-treme-1.html |