A primeira parte do Benfica no jogo de Paris foi tão bonita como a (Taça) Amizade, que os encarnados acabaram por perder no desempate por "penalties", depois de 90 minutos desequilibrados, mas que reconciliaram a equipa com os emigrantes. Mesmo sem ter sido perigosa no segundo tempo, a equipa de Camacho deixouma imagem mais consentânea com o seu prestígio, o que constituía objectivo prioritário, depois da pobre "performance" ante o Dudelange.
O treinador espanhol deve ter apreciado o grau de resposta dos seus jogadores, muito solidários em campo, tanto mais que viu Geovanni "soltar-se", qual fera adormecida, para 55 minutos de luxo, que compensaram a falta de eficácia no lado esquerdo da defesa, sem dúvida a grande dor de cabeça no encontro de Charletty.
Faltou ontem à defesa (ao lateral-esquerdo...) copiar o índice de produtividade do ataque, já que no primeiro remate que fez à baliza, o Benfica... marcou. Além do golo, Zahovic não acusou a marcação de Rocchi e contribuiu para uma frente atacante cuja inteligente movimentação baralhou por completo o sistema defensivo de três unidades eleito por Luiz Fernandez.
O próprio Geovanni encostou-se sempre a Sokota, e desta forma raramente o Benfica jogou apenas com um avançado na zona central do ataque. Percebe-se, assim, que o flanco direito dos encarnados funcionou muito bem, num plano bastante superior ao rendimento patenteado no lado esquerdo.
Este último abriu o marcador logo aos 10 minutos (mas só durante seis minutos estiveram em vantagem os franceses...), aproveitando a falta de velocidade de João Manuel Pinto e Bossio, que saiu tardiamente, de nada valendo, por isso, o seu 1,92m.
Claro, sempre explorando o lado direito do seu ataque e aumentando a velocidade, o PSG podia aos 51 minutos, de novo, ter marcado, não fosse Paulo César rematar ao poste esquerdo de Bossio. Nessa altura, era já Cabral que actuava como lateral-esquerdo (Argel ficou no balneário ao intervalo e Ricardo Rocha passou para central), embora tivesse terminado o desafio no lado direito, já que Armando foi rendido a 11 minutos do final pelo jovem Hélio Pinto.
Ou seja, nenhum dos três defesas-esquerdos ontem utilizados pelo Benfica evidenciou rendimento merecedor de total aprovação. Lucan, aos 85 minutos, esteve só ante Bossio e rematou de forma desastrada, perdendo o golo, adivinhem... pois é, no corredor direito de um PSG que cresceu imenso com Ronaldinho.
Aos 68 minutos, Paulo César impediu que Sokota tivesse aproveitado uma confusão para marcar a um metro da baliza, mas essa única oportunidade, comparada com a jogada excepcional que os benfiquistas fabricaram aos 24 minutos (triangulação entre Tiago, Sokota e Simão), soube a muito pouco.
E de alguma maneira também traduziu a grande diferença no plano ofensivo entre um Benfica de primeira... parte e um Benfica que na segunda acusou em demasia o cansaço de Tiago (como sofreu Leroy...) e de Petit, que depois de ter tocado pouco na bola e muito nos adversários até ao intervalo, perdeu completamente de vista tanto o esférico como Ronaldinho no segundo período.
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