Fontes do Comando de Lisboa da PSP confirmaram a morte, mas salientam apenas que "foi dada ordem para haver mais atenção". Em causa está o receio de tumultos, em Lisboa, mas também na Margem Sul do Tejo, devido à popularidade de que gozava a vítima. Nuno Rodrigues, conhecido como MC Snake, emparceirava com o conhecido músico "Sam the Kid". Ambos viviam em Chelas. O principal alvo da "atenção" policial são os bairros (muitos deles considerados problemáticos), onde o género musical hip hop constitui uma forma de afirmação e de contestação à segregação social.
"Sam" garantiu ao JN ter ficado "chocado" com a morte do amigo. "Ainda na semana passada esteve em minha casa, onde foi buscar uns filmes e estávamos a preparar uma iniciativa com a Junta de Marvila. Ele era muito pacífico".
Segundo o comunicado da PSP, Nuno Rodrigues "desobedeceu aos sinais regulamentares de paragem", dados durante uma operação stop, na zona das Docas, em Alcântara, e o carro só se imobilizou já em Benfica, na Travessa de S. Domingos de Benfica, quando um agente da PSP abriu fogo de pistola, atingindo a bagageira do veículo, após o que o projéctil perfurou os dois bancos e foi acertar nas costas do "rapper". O fugitivo não estava armado.
Jorge Rodrigues, irmão da vítima, diz, no entanto, que não havia qualquer razão para disparar contra o seu irmão. "E a Polícia fala em perseguição? Mas como? O Nuno ia a conduzir o carro da mãe, um Lancia Y10, com 12 anos e com problemas mecânicos. Não me diga que com um carro destes a Polícia precisava de disparar para o fazer parar. Não o poderia apenas abalroar, era preciso matá-lo?".
Aparentemente, o agente da PSP nem teria razões para disparar, uma vez não estariam reunidos, ao que o JN conseguiu apurar, os pressupostos previstos na lei para o o uso da arma de fogo. O inquérito está agora sob alçada da Polícia Judiciária de Lisboa, onde o agente prestou declarações ontem à tarde, tendo sido constituído arguido.
O polícia não foi detido, nem notificado para ser ouvido pelo Ministério Público, mantendo-se ao serviço até à conclusão do inquérito criminal e disciplinar.