Não fosse um golo de Anderson, já perto do final, e a esta hora muitos adeptos do Benfica estariam a deitar contas à vida, cépticos quanto às reais capacidades da equipa encarnada. O despertar do brasileiro acabou por atenuar uma actuação tristonha, tão cinzenta como o tempo e a mostrar, como seria previsível, que muito trabalho está ainda por fazer.
Vamos ser práticos e realistas: não se pode, após três dias de estágio, exigir "performances" ao mais alto nível, mesmo levando em conta que o Étoile Carouge, modesta formação da II B, está muito distante da dimensão do Benfica, sem que isso sirva de desculpa para alguma falta de imaginação e de talento.
Jesualdo Ferreira começou por optar por uma equipa sem grandes novidades face à época passada, à excepção de Roger e da colocação de Cabral na esquerda, preterindo, pelo menos por agora, Cristiano. E, com o médio brasileiro em campo, salta desde logo à vista que dificilmente o treinador dos encarnados poderá tornar possível a coabitação com Zahovic. Ambos não conseguem camuflar a necessidade de pisar terrenos próximos do ponta-de-lança, pelo que, a determinada altura, um anula o outro, deixando algumas clareiras na direita ou na esquerda, dependendo dos caminhos que pisava Drulovic. Naturalmente, com a entrada de Simão a estrutura da equipa terá de sofrer alterações, o que conduzirá à saída de um dos talentosos jogadores, talvez o primeiro grande dilema de Jesualdo Ferreira. Mesmo assim, foi este trio de esquerdinos que deu algumas pinceladas de talento numa primeira parte em que a falta de acerto de Mantorras na hora do remate se misturou com algum egoísmo.
Na segunda metade, uma completa metamorfose na equipa, com a entrada de 11 novos elementos. Dois novos laterais, um mais audaz (Éder) do que outro (Cristiano), um meio-campo de luta e George muito próximo de Anderson, a que se juntava alguma irreverência de Zé Roberto. Sem que o futebol dos encarnados tenha ganho qualidade, longe disso, conquistou, ainda assim, alguma dinâmica da qual haveria de resultar um golo. Como se impunha, face ao valor do adversário, a época começa com uma vitória. Quanto à exibição, melhores dias se esperam.
Reforços podem trazer mudanças
Com a equipa do Benfica ainda em construção, é previsível que a chegada dos nomes apontados como reforços projecte profundas alterações no onze a definir por Jesualdo Ferreira.
Certo é que a colocação de quatro homens com características atacantes (Mantorras, Zahovic, Roger e Drulovic) irá sempre obrigar o técnico a optar por dois médios defensivos. E, para já, Tiago e Ednilson fazem questão de dizer presente.
Positivo
A criatividade de Drulovic, Zahovic e Roger, ainda que a espaços, poderá, desde que bem conjugada, proporcionar grandes alegrias aos adeptos; Armando revela-se empreendedor, Éder sabe atacar (rematou à barra) e Argel parece muito seguro e em boa forma; Ednilson e Tiago prometem.
Negativo
Pouca inspiração e alguma falta de confiança expressa por Mantorras, que poderá ter a ver com a forte concorrência que o espera no ataque; tendência para servir os avançados com base nos lançamentos longos a partir da defesa e nem sempre bem direccionados.
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