Produção industrial de SP tem maior queda desde setembro de 2011

RIO  -  (Atualizada às 14h29) A produção industrial de São Paulo mostrou queda de 4,1% entre junho e julho, o que representa a mais forte retração nessa comparação, na série livre de sazonalidade, desde setembro de 2011, quando registrou baixa de 5,4%, informou nesta sexta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em sua Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física Regional (PIM-PF Regional) de julho.

Daniel Acker/Bloomberg

Segundo o instituto, o recuo na produção  de São Paulo, o maior parque industrial do país, foi tão intenso que eliminou o ganho de 2,7% na atividade industrial da localidade, observado em junho.  

Na série com ajuste sazonal, o índice de média móvel trimestral da atividade industrial de São Paulo, indicador usado para mensurar tendências, caiu 1,6% no trimestre encerrado em julho, frente ao patamar do mês anterior - quando mostrou ligeira variação positiva de 0,1% em junho. 

Apesar da forte queda na medição mensal, o IBGE apurou que, na comparação contra iguais períodos de 2012, houve saldo positivo na atividade da indústria paulista. A produção de São Paulo cresceu 0,2% em julho de 2013 em comparação com julho do ano passado, a quarta taxa positiva consecutiva nesse tipo de confronto. A atividade industrial do Estado também mostrou crescimento de 2,5% no acumulado nos primeiros sete meses do ano, em comparação com igual período em 2012. 

Bons resultados no segmento de bens de capital levaram a essas taxas positivas na comparação com mesmos períodos do ano passado, segundo o instituto. No caso da expansão de 0,2% na atividade industrial, em comparação com julho de 2012, a principal contribuição positiva sobre o total da  indústria paulista foi observada na atividade de máquinas e equipamentos (7%), impulsionada, em grande parte, pela maior fabricação de empilhadeiras propulsoras, máquinas para colheita, máquinas para trabalhar matéria-prima para fabricar celulose e motoniveladores.

Já no caso do saldo positivo no acumulado do ano em São Paulo, até julho, o maior impacto sobre o total da indústria veio do setor da atividade de veículos automotores, com expansão de 10,1%, Isso porque houve expansão na  produção da maior parte dos produtos investigados na atividade (aproximadamente 78%), com destaque para a maior fabricação de caminhão-trator para reboques e  semirreboques e caminhões.

Setores automobilístico e farmacêutico puxam queda

A piora na atividade das indústrias automobilística e farmacêutica em julho, prejudicadas por demanda mais fraca, atingiu fortemente a produção do parque industrial de São Paulo, avaliou o economista do IBGE, André Macedo. 

O pesquisador reconheceu que o comportamento da atividade industrial em São Paulo foi determinante para a queda de 2% em julho ante junho na indústria nacional – visto que São Paulo representa em torno de 40% do desempenho industrial do país. 

Ele lembrou ainda que, ao divulgar o resultado nacional da produção industrial, na última terça-feira, o IBGE já tinha apontado os setores automobilístico e farmacêutico como forte influência para o desempenho negativo da produção industrial nacional em julho. 

Mas, ao ser questionado sobre qual das duas indústrias teve maior influência para formar as taxas negativas, tanto no desempenho nacional, quanto no de São Paulo, o especialista admitiu que foi o cenário desfavorável na atividade do setor automobilístico o principal fator que levou às retrações, em julho. Isso porque esse segmento tem peso expressivo na composição da atividade das duas indústrias – do país e de São Paulo. “A indústria automobilística representa 10% da indústria de transformação do país; e 12% da indústria da transformação de São Paulo”, lembrou o técnico.  

Na prática, o atual cenário de demanda fraca conduziu à perda de fôlego, tanto nas atividades automobilística e farmacêutica. Macedo lembrou que um ambiente com maior endividamento das famílias; menor oferta de crédito, em relação aos anos anteriores; e juros mais elevados, tem inibido o consumo em 2013. Esses fatores têm se intensificado ao longo desse ano, admitiu o especialista. “As montadoras estão lidando, agora, com estoques elevados. Isso está relacionado a uma demanda mais fraca; porque se não temos consumo, os estoques se acumulam”, acrescentou o especialista.

O desempenho regional anunciado nesta sexta-feira só comprovou trajetória errática na atividade industrial do país, já registrada pelo instituto quando divulgou a produção nacional da indústria essa semana,  admitiu Macedo. No entanto, comentou que 8 dos 14 locais investigados pela pesquisa do IBGE em julho apresentaram nível de atividade superior ao observado em dezembro do ano passado. “Mas, realmente, a maior volatilidade é uma característica que a indústria nacional tem apresentado frequentemente esse ano. E os resultados regionais comprovam isso”, afirmou. 

(Alessandra Saraiva | Valor)

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