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Franz Ferdinand Pop Arte |
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São uma das melhores bandas do mundo, mesmo que não o assumam. Recebem elogios de Lou Reed, David Bowie, Jarvis Cocker e até Kanye West, mas não querem ser mais do que uma banda pop. Alex Kapranos, a voz e a fina gravata da banda de «Take Me Out», explica em plena Avenida da Liberdade – por que é que os escoceses são boa gente e, sem querer, fornece uma insuspeita receita de peixe.
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É verdade que da primeira vez que veio tocar a Portugal [Sudoeste 2004] comeu marisco estragado e ficou com uma valente dor de barriga? Não foi nada de grave, é algo que pode acontecer. Quando se está em digressão come-se a comida mais esquisita nos sítios mais estranhos e às vezes somos obrigados a visitar a casa de banho pouco depois. Mas que fique assente que eu não associo Portugal a intoxicações alimentares! Ainda estou a salivar por causa de um prato que comi ontem à noite [véspera da actuação no Super Bock Super Rock]. Tem um nome comprido em português, é um prato que é cozinhado num prato de barro rectangular, com muitos pedaços de peixe, batatas, pimento, tomate, vinho branco [a boa e velha caldeirada de peixe]. Maravilhoso!
Ao contrário de algumas bandas inglesas, os grupos escoceses sobrevivem à margem da polémica e nunca são «as melhores bandas do mundo desta semana». De onde vem o bom comportamento? Claro que não somos a melhor banda do mundo – isso não existe fora dos jornais! As bandas escocesas que conheço não cortejam a atenção da imprensa britânica, nenhuma está desesperada por aparecer nas páginas dos tablóides, ao contrário de Liam Gallagher [Oasis] ou Pete Doherty [ex-Libertines, Babyshambles]. Os Belle & Sebastian não querem aparecer, os Arab Strap também não – é uma atitude diferente. A cultura de celebridades está implantada em Inglaterra há décadas e algumas pessoas gostam de fazer parte dela. Eu não.
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You Could Have It So Much Better
Domino/Edel
Os arquiduques dançam e o rock que é pop agradece.
Um álbum com validade prolongada.
Álbum editado em 2005
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Não é raro haver fãs que viajam de países como o Brasil ou o Japão para assistir aos vossos concertos europeus. Já se acostumaram a esta devoção ou é, pelo contrário, motivo de surpresa constante? Fico tão surpreendido quando as pessoas fazem viagens longas para nos ver… É incrivelmente tocante! A nossa primeira digressão... foi um choque tremendo dar conta de que havia quem nos conhecesse e soubesse as nossas músicas. Depois de alguns anos deixa de ser chocante, mas é uma injecção de adrenalina quando percebemos o investimento de algumas pessoas que vêm de longe. Há que recompensá-las.
O primeiro DVD dos Franz Ferdinand [intitulado apenas Franz Ferdinand] é uma espécie de «Magical Mystery Tour (de Franz)». Mas, tal como nos Beatles, ninguém se leva demasiado a sério… O objectivo foi mostrar a quota de loucura que pode haver numa digressão. Mas há uma diferença grande entre levar a música a sério e levar-me a mim próprio a sério. Levo-me a sério musicalmente, mas seria terrível se me levasse demasiado a sério como pessoa.
O novo single, «Eleanor Put Your Boots On» segue a velha tradição de grandes canções com o nome Eleanor no título… Algumas das minhas canções preferidas são sobre raparigas chamadas Eleanor (risos). «Eleanor Rigby», dos Beatles… E «Eleanor», dos Turtles, tem um dos meus versos preferidos numa canção pop: «Eleanor, gee, I think you’re swell / And you really do me well / You’re my pride and joy, et cetera». «Et Cetera»! Adoro! O tipo está apaixonado, mas resume uma série de coisas importantes com um «etc» (gargalhada)!
Quando receberam a visita de Lou Reed e David Bowie nos bastidores de um concerto, pareceram fãs babados… Porque eu sou fã! Lou Reed foi importantíssimo nos meus anos formativos, era o que eu ouvia mais na adolescência…
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“Detesto a snobeira de querer separar o rock do grande género que é a música pop”.
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É embaraçoso que uma figura como Lou Reed vos coloque no mesmo patamar? Embaraçoso não… Mas encontro-me a falar com eles a dois níveis: por um lado falo com um tipo que é quase contemporâneo meu, que sobe ao palco e toca a música que escreveu, como acontece connosco; mas ao mesmo tempo é aquele artista, o ícone, a pessoa que aprendemos a admirar. Só que sem a farda, em dia de folga (risos). Grande parte dessas pessoas são tão normais como os leitores desta revista ou as pessoas que vão naquele autocarro [aponta para o 46 da Carris]. São homens e mulheres de carne e osso, um bando de pessoas de carne e osso que mudaram a nossa vida (risos).
Luís Guerra, Quinta, 22 de Junho às 14:22
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Os Franz Ferdinand Respondem a.... |
ZÉ PEDRO
Guitarrista dos Xutos & Pontapés
A que estilo musical ficarão associados para a posteridade?
Odeio as etiquetas pós--punk e art-rock! Que diabo é art-rock? Pós-
-punk? Blergh! Tudo é pós-punk desde 1976! Não será melhor resumir tudo com a menosprezada palavra «pop»? Detesto a snobeira rock de querer separar o rock do grande género que é a música pop. Nesse sentido, sou decididamente um músico pop por oposição ao chauvinismo e à pomposidade rock. Franz Ferdinand é música pop.
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