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01.08.2004
Purgatório astral

Nunca fui de acreditar muito em horóscopos, embora ficasse intrigado com a constante freqüência com que mocinhas de Aquário e Áries apareciam em minha vida, fato que fez com que meu ceticismo por vezes titubeasse, imaginando que talvez as estrelas quisessem dizer alguma coisa para mim e eu, interlocutor desatento, estava deixando de ouvir algum recado importante. Mas logo meu lado racional tomava as rédeas, dizendo que tudo não passava de mera coincidência com fatos e personagens reais.

Pois bem: dia 27 de julho foi meu aniversário, e até essa data tudo transcorria relativamente bem em minha vida. E, se a Astrologia estivesse realmente certa, a tendência é de que as coisas apenas melhorassem, afinal de contas o dia de meu aniversário seria também em tese o fim do tal do "inferno astral". No entanto, o que foi que aconteceu? Fui acometido por gripe, tosse, coriza, congestão nasal, gengivite, insônia e cefaléias constantes. Para arrematar com chave de pirita, minha pilha de trabalhos acumulados para entregar virou uma Torre de Pisa ameaçando desabar em minha cabeça a qualquer instante.

Sei lá eu. É possível que algum expert em Astrologia apresse-se a esclarecer que tal série de dissabores ocorreu devido a um desencontro do Sol com minha sétima casa astrológica, que fez com que o ponto 18º de Libra e meu ascendente em Sagitário causassem abalos sísmicos em minha saúde, recomendando-me prudência em meus investimentos pessoais e cuidados especiais com mulheres de vestidos lilás, buracos na calçada e maledicências alheias. Se bem que acredito mais na explicação dada por meu amigo Marco Antônio: ao completar 31 anos, perdi meu prazo de garantia e ingressei naquela fase da vida em que todos os problemas são de junta: "junta" tudo e joga fora.

Eis um pedaço do delicioso bolo preparado por minha amiga Helô.Enfim, tergiverso e quase me esqueço de agradecer a todos os telefonemas, e-mails e mensagens enviados pelos meus amigos, e que serão respondidos devidamente respondidos um por um ainda nesta semana. Ah sim: Helô, muito obrigado pelo post especial em seu blog, e também pelo deliciosíssimo bolo que você preparou em seu Happy Blogday (não sobrou nenhuma migalha, por isso publico ao lado um registro fotográfico da iguaria devidamente devorada), cuja irresistível cobertura só ficaria melhor se substituída por uma foto da minha namorada, é bóbvio. ;)

* * *

P.S. 1: Grande dica do Pedro Doria que merece ser repassada: o jornal argentino La Nación inaugurou em seu site uma seção multimídia dedicada ao ensino de música clássica, iniciada pela Primavera de Vivaldi. Clique aqui para acessar os primeiros vídeos da série.

P.S. 2: Jonas Lopes publicou em seu blog uma ótima entrevista com Marcelo Costa, criador e mantenedor do e-zine Scream & Yell. Os assuntos: cultura pop, jornalismo musical, revista Zero, as razões da crise da indústria fonográfica brasileira e o suposto fim dos e-zines após o surgimento dos blogs.

P.S. 3: Por falar em entrevistas, já leram as realizadas pela Meg com a confraria dos wunderblogs? Ainda escreverei mais detalhadamente sobre o livro Wunderblogs.Com, que comprei, li e recomendo, mas por enquanto me limito a referendar também a aquisição de Todas as Festas Felizes Demais de Fabio Danesi Rossi. A julgar pela qualidade de seu blog, assim como dos textos que FDR publicou em diversos sites como o Spam Zine, espero que este seja apenas o primeiro de muitos livros assinados por Mr. Danesi Rossi.


24.07.2004
Breves

Meditações zen
ao som
de um walkman

*

Inseto esmagado
sob as páginas do livro:
lembrança de Tolstói.

*

zero kelvin

O círculo
da marca do copo na mesa
evaporou.

*

Tarde de terror:
preso, ouvindo a musiquinha
do elevador.

*

soap opera

Todo mês
a mesma colcha
de clichês.

*

Angústia me rodeia -
tão fácil falarem mal
da vida alheia

*

Noite azul.
Deslindo teu corpo
com os olhos das mãos.

*

Consciente.
Mesmo assim, arranco
o cabelo branco.                                                                                                             


21.07.2004
O tal Dia do Amigo

Charlie e Linus

Descobri que ontem foi celebrado o Dia do Amigo graças a alguns e-mails recebidos. Dentre eles, destacou-se um camarada que jamais vi, li ou ouvi na vida, mas que possui meu endereço em sua lista do Outlook, fato que provavelmente já lhe bastava para me considerar como seu "amigo", a ponto de me mandar um desedificante attachment de Power Point com mais de 1.000 KB, fotos bucólicas de crianças ao pôr-do-sol e versos da indefectível canção do Milton Nascimento que diz que "amigo é coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito".

Sei lá, ainda não entendi qual é o propósito dessa efeméride. Se a inventaram para incrementar o comércio, é nítido constatar que essa data ainda não "pegou", a não ser que você conheça alguém que tenha dado ou recebido presentes ontem (Alguém? Alguém?). Mas, por enquanto, percebo que ela só serve para que nossas caixas postais sejam recheadas com web cards ou versos sobre amizade, esse conceito por vezes abstrato.

Amigo, para mim, é aquele camarada que lê um texto seu e, sem reservas ou elogios pré-fabricados, lhe diz de cara limpa que gostou de algumas coisas, mas ressalta que considerou outras passagens uma merda, e efetivamente ajuda você a escrever algo mais decente. É aquela pessoa a quem você empresta dinheiro, mas quita a dívida antes mesmo que você necessite cobrá-lo. Ou, viceversamente falando, é o cara com quem você pode contar nos dias em que você precisa vender o almoço pra pagar o jantar, e que depois você fará questão de reembolsá-lo após o primeiro free-lancer que pinta. É o ombro no qual você chora suas pitangas, nem que seja às duas da madrugada, e que não pestaneja em lhe dar aqueles esporros tão necessários ou os afagos que seu ego combalido por vezes necessita.

Em resumo: amigo não se limita a ser mais um e-mail na lista do Outlook ou figurinha em seu álbum do Orkut.

Quanto a mim, posso dizer que tenho a sorte de ter amigos de rara estirpe vida afora, daqueles que se reúnem em torno de uma mesa de bar e passa horas conversando, esquecido dos ponteiros do relógio e das vicissitudes do dia-a-dia. E não apenas in loco: a Web me concedeu o privilégio de conhecer figuras que já me deram força em diversas ocasiões, e que ainda hei de encontrar em algum boteco por aí.

Amigos compartilham nossos sonhos, neuras, paixões, decepções, alegrias. Riem das abobrinhas que a gente fala, têm à mão um lenço de papel na hora que a gente necessita. E, principalmente no meu caso particular, compreendem quando eu demoro semanas para responder a um e-mail ou dar um telefonema (meus amigos têm paciência oriental). Porque amigo é aquela pessoa que você não vê há meses, mas quando encontra faz aquela algazarra juvenil:

- E aí, veado, cadê a sua mãe?
- Tá lá na zona, aprendendo tudo com a sua!

Amigos falam palavrões com o mais inesperado dos carinhos. Respondem aos nossos rasgos de pieguice com um abraço. São o nosso amparo ao desconcerto com que o mundo é regido. Acreditam de olhos fechados na nossa versão da história.

Enfim, meus amigos viverão toda a felicidade que eu sei que eles merecem. E ponto final.


19.07.2004
15 coisas que você não precisava saber, mas já que está por aqui...

Este pretende ser o primeiro de uma série de textos dedicada a reminiscências da cultura brasileira. Mais especificamente, da memorabilia pop: música, cinema e, principalmente, TV. Coisas de um balzaquiano que passou a infância em frente à televisão, e que por isso mesmo guardou em sua memória muitas reminiscências ligadas à telinha. Embora alguns dados deste texto tenham sido pesquisados via Google ou Orkut, a maior parte deles provém de minhas lembranças, que nem sempre são as mais fidedignas. Peço, pois, o auxílio dos leitores a fim de apontar possíveis erros, omissões e lapsos deste post.

* * * * *

'Prefiro o cheiro de cavalos ao cheiro do povo'.1. No final dos anos 70, Silvio Santos intercalava os quadros de seu programa dominical com o boletim "A Semana do Presidente", dedicado a acompanhar as atividades de João Baptista Figueiredo entre o Palácio do Planalto e a Granja do Torto, onde morava. Recepção de embaixadores, excursões escolares e desfiles comemorativos da Semana da Pátria eram algumas das "atrações" deste programete, narradas em off pelo Lombardi.

2. Em meados dos anos 80, a Semana do Presidente (que então veiculava as estripolias de José Sarney) passou a ser precedida por uma vinheta que exibia um homem personificando Jesus Cristo. Enquanto seu rosto era exibido sob uma discreta penumbra, uma voz narrava o seguinte texto:

"Paz, amor, fé, união, luz e esperança não são apenas palavras. Você tem certeza de que já fez tudo que podia pelo seu semelhante? Pense bem, pois um dia vamos nos encontrar. E eu gostaria muito de chamá-lo de meu filho".

Muitas crianças dessa época têm pesadelos até hoje com esse texto, e juram que o ator que interpretava Jesus dava uma piscadela no meio dessa vinheta.

3. Um dos primeiros trabalhos de Augusto Liberato no SBT (na época mais conhecida como TVS, sigla para "TV Studios") foram reportagens para a Semana do Presidente. A propósito: Gugu é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero.

4. Gugu também foi apresentador da Sessão Premiada, espaço reservado pela TVS para a exibição de filmes como "A Gang dos Dobermans", "Alligator" e "O Homem-Cobra". Durante os intervalos, Mr. Liberato fazia telefonemas para a casa de telespectadores. Se o incauto na outra linha do telefone provasse que estava assistindo ao filme, ganhava prêmios como TVs a cores.

Eu não assisti, mas minha mulher sim e disse que este filme é muiiiiiiiito bom.5. "O Homem-Cobra", produção de 1973, narra a história de um cientista que desenvolve um soro capaz de transformar seres humanos em... bem, você sabe. A justificativa do demente: com o planeta cada vez mais poluído e superpovoado, a tendência é da raça humana ser levada à extinção. Porém, se todos nós nos transformássemos em ofídios, teríamos melhores chances de sobrevivência. Na falta de voluntários que topassem experimentar o tal soro, o cientista maluco resolve usar o namorado da própria filha para fazer suas experiências (sem que ele saiba o que está tomando, é bóbvio). Esse incauto é interpretado por Dirk Benedict, o "Cara-de-Pau" do seriado Esquadrão Classe A, que ao decorrer do filme vai paulatinamente se transformando em cobra (só assistindo ao filme para crer nessa premissa). Apesar do argumento esdrúxulo, esta ficção científica não é das piores. A propósito: o título original do filme é "Sssssss".

6. Em 1982 Gugu recebe sua grande chance e é escolhido para apresentar um programa de auditório nas noites de sábado: o "Viva a Noite". O programa não tardou a fazer sucesso, impulsionado por gincanas entre homens e mulheres (nos mesmos moldes do atual "Domingo Legal"), quadros como o concurso do Rambo Brasileiro (fisiculturistas e afins iam ao palco fazer performances fantasiados como o personagem de Sylvester Stallone) e o Sonho Maluco (telespectadores enviavam cartas à produção narrando historietas que gostariam de protagonizar com algum artista).

7. Um sonho maluco digno de antologia foi protagonizado pelo grupo Titãs, convencido pela produção do Viva a Noite a "salvar" uma fã presa por uma teia de aranha (?) improvisada em um viaduto na Santa Efigênia, bairro de São Paulo. Outros sonhos incluíam o pedido de um engraxate para lustrar a cabeça da cantora Maria Alcina (que na época usava um look careca a la Sinead O'Connor) e uma telespectadora que pediu para deitar-se com o Zé do Caixão dentro de um... caixão.

8. Enquanto isso, a grande finalíssima do concurso de Rambo Brasileiro teve direito a um programa especial. Em meio às performances dos concorrentes (gravadas no Playcenter), grupos musicais se apresentavam fazendo playbacks, com direito até a atração internacional: os roqueiros da banda Gene Loves Jezebel.

Gugu, o objeto de paixão da Nhá Barbina.9. Todo programa "Viva a Noite" era finalizado com um número musical protagonizado pelo próprio Augusto Liberato, com direito a coreografias das assistentes de palco (dentre elas Silvinha, ex-namorada do apresentador, e Mariette, capa da revista Playboy em dezembro de 1987). Algumas das trilhas sonoras de encerramento: "Meu Pintinho Amarelinho", "Baile dos Passarinhos" e "Dança da Galinha Azul" (na verdade um jingle dos temperos Maggi).

10. "Viva a Noite" saiu do ar em 1992. Gugu, apesar de ter ganho um espaço dentro do programa Silvio Santos aos domingos, relutou em deixar o horário que o consagrou na TV, os sábados à noite. Por algum tempo passou a apresentar então o "Sabadão Sertanejo", programa dedicado aos então ascendentes "astros" da música caipira. Entre um e outro playback, o grande destaque do programa era o singelo quadro Concurso da Camiseta Molhada, cujo nome dispensa maiores explicações sobre seu conteúdo.

11. Ainda sobre Antônio Augusto Moraes Liberato, vale lembrar que sua carreira cinematográfica inclui, além de diversos filmes com Renato Aragão (como "Os Fantasmas Trapalhões", "O Casamento dos Trapalhões" e "O Noviço Rebelde"), o raríssimo título "Padre Pedro e a Revolta das Crianças". Nesta produção de 1983, Gugu faz o papel de um colega de sacerdócio de Padre Pedro, interpretado por ninguém menos que Pedro de Lara, ex-jurado do "Show de Calouros". Zé do Caixão e Wilza Carla também fazem parte do elenco deste filme, tão desconhecido que sequer consta no IMDB, maior catálogo online de filmes.

12. Por falar em cinema nacional... Em 1975, enquanto "Tubarão" ("Jaws") de Steven Spielberg dava origem ao termo "blockbuster" para descrever os sucessos de bilheteria que fazem a fila do cinema dar voltas em torno de um quarteirão, o cinema brasileiro não perdeu tempo e lançou no mesmo ano "Bacalhau", também conhecido como "Bac's".

Adriano Stuart13. "Bacalhau" foi um dos três (!!!) filmes dirigidos em 1975 pelo ator e roteirista Adriano Stuart. Os outros dois foram as pornochanchadas "Cada Um Dá o que Tem" (sua estréia na direção) e "Kung Fu Contra as Bonecas". Antes, a primeira experiência de Stuart atrás das câmeras fôra a elaboração do roteiro de "A Super Fêmea", filme estrelado pela ex-miss Brasil Vera Fischer.

14. "Kung Fu Contra as Bonecas", filme livremente inspirado no seriado de TV "Kung Fu" (estrelado por David Carradine, de "Kill Bill"), é considerado um dos filmes mais raros do mundo, sendo bastante procurado por colecionadores de bizarrices cinematográficas. No exterior, o longa de Adriano Stuart é conhecido como "Bruce Lee vs Gay Power", e sua sinopse em inglês é a seguinte:

"The original title of this Brazilian Kung Fu and Capoeira comedy is Kung Fu Contra as Bonecas. The director Adriano Stuart stars as a Chinese martial artist who takes revenge on the homosexual bandits (or cangaceiros) that killed his parents. Also stars Maurício do Valle and Dionísio Azevedo".

15. Para quem não entendeu muito bem a sinopse: o filme conta a história de um lutador de kung fu (Adriano Stuart, diretor e ator principal) perdido em meio à caatinga nordestina, que resolve proteger uma órfã (Helena Ramos, musa da Boca do Lixo paulistana) de um bando de cangaceiros gays liderados por Maurício do Valle (o mesmo ator de "Deus e o Diabo na Terra do Sol", posteriormente conhecido como um dos coadjuvantes dos Trapalhões).

* * * * *

To be continued...


15.07.2004
Dia de desaniversário

'When I use a word,' Humpty Dumpty said, in a rather scornful tone,' it means just what I choose it to mean, neither more nor less'.

Todos os dias do ano alguém faz aniversário. Logo, todo dia deveria ser dia de festa. Certos estavam os personagens de Lewis Carroll, que comemoravam seus desaniversários. Afinal de contas, por que celebrar apenas um dia do ano, renegando os outros 364?

Daqui a 12 dias completarei mais um aniversário. Enquanto alguns amigos sugerem comemoração em um bingo, outros acham mais adequado alugar uma quadra de bocha. A eles, respondo: não estou ficando velho, na verdade tudo é uma mera questão de acumulação de know how através dos anos. Eufemismos à parte, o fato é que nunca fui muito fã de aniversários. Sei lá, perderam o encanto, da mesma maneira que não vejo mais graça no Natal.

Muitas vezes, enquanto procuro no dial do rádio por um daqueles programas de flashbacks, aciono a tecla rewind a fim de rebobinar o filme da minha vida e penso na imaturidade de encarar o Tempo como meu inimigo, mesmo porque ele está longe de poder ser personificado como a Rainha de Copas, pedindo a todo custo para que cortem-me a cabeça. Ok, é certo que 24 horas quase nunca bastam para resolver todas as pendências do dia, principalmente porque sou inapelavelmente incompetente em administrar meu tempo pessoal (meus e-mails acumulados para responder que o digam). Mas o fato é que vivo afobadamente apressado, feito aquele coelhinho branco que Alice encontra depois de dormir ao ler um livro. Preciso dar uma desacelerada, despertar o Caymmi que há dentro de mim. Chega do ritmo maluco de motoboys costurando no trânsito, sites repletos de informações voláteis, refeições engolidas com gosto de indigestão.

Houve tempos em que desejei envelhecer logo, a fim de poder ver os filmes da Sessão Coruja, beijar na boca a menina mais bonita da classe e coisas do tipo. Mas foram arroubos da infância, época na qual arrogantemente cremos que teremos todo o tempo do mundo à nossa disposição. Hoje, com três décadas em minhas costas, sei que estou chegando à metade da minha vida. Sinto-me quase como Humpty Dumpty, aquele ovo gigante que, sentado em cima de um muro, vislumbra o mundo no meio do caminho entre a certidão de nascimento e o atestado de óbito. O que fiz, o que farei, o que almejo para o futuro?

Aniversários, na verdade, assemelham-se mais a réveillons: são ocasiões apropriadas para se refletir a respeito da vida. É, nada como uma boa desculpa para beber champanhe, e lembrar que todo dia é dia de recomeçar. Philip Larkin, um de meus autores prediletos, escreveu em seu poema As Árvores: "ano passado morreu, parecem dizer/ comece de novo, de novo, de novo".

Que assim seja.


13.07.2004
Candidatos a Cacareco

Cacareco, o Enéas de 1959O Zoológico de São Paulo foi fundado em 1958. Uma das maiores atrações de sua inauguração foi a vinda de Cacareco, um rinoceronte vindo do zôo do Rio de Janeiro. Não tardou para que a população se apaixonasse por Cacareco, criando uma queremela e tanto: enquanto os cariocas pediam o animal de volta, os paulistanos não queriam mais devolvê-lo. Em meio à polêmica sobre seu destino, transcorreram as eleições municipais de 1959. A população, insatisfeita com o prefeito Adhemar de Barros (o primeiro a cunhar o infame slogan "rouba, mas faz"), não pensou duas vezes: Cacareco recebeu cerca de 100 mil votos para vereador (enquanto isso, o candidato mais votado daquele ano não passou de 11 mil).

Em tempo: o rinoceronte foi devolvido ao zôo do Rio de Janeiro dois dias antes das eleições. Cacareco não chegou a tomar posse.

* * * * *

Embora vereadores possuam diversas funções, a impressão que se tem é de que eles só servem para dar nome de ruas e criar efemérides esdrúxulas (diga-se de passagem, hoje é comemorado o Dia do Cantor e Compositor Sertanejo e do Engenheiro Sanitarista). Não é de se admirar, pois, a desatenção com que as eleições para as Câmaras Municipais são encaradas. Em uma rápida enquete que fiz com nove amigos, descobri que simplesmente nenhum deles lembrava do seu último voto para vereador (quanto a mim, votarei no mesmo candidato que ajudei a eleger em 2000).

Não deveria ser assim, mas como condenar a apatia do eleitorado brasileiro, cansado de eleger governantes para depois se decepcionar? Menos mal, pois, que o Tribunal Superior Eleitoral, em recente decisão, eliminou 8.528 das 60.276 vagas de vereador por todo o país. Como bem disse o senador Eduardo Siqueira Campos (PSDB-TO), "meu estado precisa de mais médicos e professores, não de vereadores".

* * * * *

45 anos após a consagração de um rinoceronte nas urnas paulistanas, a disputa pela Câmara Municipal de São Paulo terá fortes candidatos a Cacareco do século XXI. Uma vez que o sistema eletrônico não permite votos em candidatos fictícios, que tal ajudar a eleger figuras como Wadão do Jegue do Dente de Ouro, Zé do Caixão ou Bozo? Por ordem de citação:

- Oswaldo de Oliveira, 54, é advogado. Já se candidatou por três vezes a deputado estadual, sem sucesso. Desta vez, tenta se eleger vereador pelo PMDB usando como "nome artístico" sua singela alcunha Wadão do Jegue do Dente de Ouro. Único problema: seu jegue foi seqüestrado. Em depoimento concedido ao Jornal da Tarde, Wadão dá detalhes dramáticos do caso: o animal está sem uma orelha, porque ela foi cortada e enviada para ele dentro de uma caixa de sapato, junto com um pedido de resgate de US$ 5 mil. Em nome da política, porém, Oswaldo se diz disposto a substituir o quadrúpede original por outro: "Wadão sem jegue não é ninguém". Quem sou eu para contestá-lo...

Zé do Caixão e Jânio Quadros, que chapa!- José Mojica Marins, 68, é cineasta. Diretor de títulos como "Sexo e Sangue na Trilha do Tesouro", "Como Consolar Viúvas" e "24 Horas de Sexo Ardente" (notabilizado por uma cena de transa entre a atriz Vânia Bournier e o pastor alemão Jack, supostamente a primeira cena de bestialismo do cinema brasileiro), Mojica Marins é um cineasta consagrado internacionalmente, graças aos filmes de terror estrelados pelo seu personagem Zé do Caixão, Mojica Marins promete exorcizar as forças negativas da cidade caso seja eleito. Não é a primeira vez que o Zé do Caixão tenta ingressar na política, conforme prova a imagem à esquerda, reprodução de um santinho da campanha de 1982. Na época, muitos de seus votos foram anulados por fiscais que julgavam que o seu nome na cédula eleitoral não passava de um trote a la Cacareco. Neste ano Marins optou por se candidatar pelo Partido Trabalhista Cristão (PTC), por acreditar que em um partido "nanico" terá mair liberdade para lutar por seus projetos, que incluem a criação de escolas de artes cênicas para crianças.

Alô criançada/ O Bozo chegou/ Trazendo alegria/ Pra você e o vovô!- Arlindo Barreto, 51, é ator e pastor batista. Nos anos 80, interpretou seu personagem mais marcante: o palhaço Bozo. Diga-se de passagem, Arlindo foi um dos cinco atores que fizeram o Bozo no SBT durante os dez anos nos quais o programa esteve no ar (de 1981 a 1991), ao lado de Wandeko Pipoca (o pioneiro), Luis Ricardo, Marcos Pajé e Décio Roberto (falecido em 1991). Depois da morte de sua mãe (a atriz Márcia de Windsor), Arlindo passou por sérios apuros: viciou-se em drogas e quase morreu. Afirma ter "encontrado Jesus" no leito de um hospital, e agora tentará se eleger vereador pelo Partido Social Liberal (PSL). Bem, ao menos possui um slogan de forte apelo: "Palhaço por palhaço, vote em um de verdade".


12.07.2004
Flip

O tempo em Parati/Paraty, talvez influenciado pela súbita aterrissagem de tantos paulistas por aquelas paragens, viveu dias de típica esquizofrenia climática: amanhecia plúmbeo, depois ensolarava, daqui a alguns instantes ventava rasgantemente, mais acolá brilhava um solzinho macambúzio. Mas, no geral, foram dias de clima soporiferamente paulistano.

flip.jpgCaminhar pelo centro histórico de Parati foi um exercício de equilíbrio. Os olhos precisavam se manter grudados ao chão, sob pena dos pés tropeçarem por entre um e outro vão deixado pelas pedras irregulares do chão de Paraty, tornadas mais esquivas que o habitual pela constante garoa que pontuou os últimos dias da Flip. No entanto, nada que fosse capaz de ofuscar a ótima impressão que tive: foram dias repletos de encontros, reencontros e desencontros.

Assisti no Globo Rural a um acasalamento de emas na companhia de Emilio Fraia (Cardoso chegou pouco depois). Em um restaurante, Edgard Reymann falou de Martin Amis, mulheres peladas e comunidades esdrúxulas do Orkut. Após a oficina com Milton Matoum, seu xará Milton Ribeiro me confidenciou havia sido beijado pela Mônica Salmaso. Enquanto comia uma batata suíça no Casarão do Cunha, Daniela Abade revelou detalhes de seu surpreendente método de criação (mais tarde nos desencontramos em algum lugar aos arredores da Igreja da Matriz). Compartilhei com Suzi, Gustavo de Almeida e Marcele um mixuruca bife à milanesa enquanto um incauto atacava "Pra Não Dizer que Não Falei de Flores" ao violão (algumas mesas à frente, Cecilia Giannetti era atendida por garçons com suspeito sotaque argentino). Recebi das mãos de Caco Belmonte seus "Contos Para Ler Cagando", que eu, leitor desobediente, devorei antes do desjejum. Delfin ofereceu-me pastelina enquanto nós, torcedores incautos, desconhecíamos ainda o resultado do Derby. Fred Leal, Ivan e Rafa Spoladore me acordaram no meio da noite chegando de alguma paragem etílica. Em meio a tudo, Augusto Sales parecia onipresenciar todos os eventos de Paraty.

Não assisti a nenhuma tenda, me desencontrei do Sergio Fonseca, do Hiro e da Barbara Axt, mal pude conversar com a Mara Coradello. Aliás, dizem também que o Tony Monti e a Ana Beatriz Ribeiro também estiveram por lá e não os achei porque sou desatento e estava com os olhos pregados nas pedras das calçadas de Parati, que além da Flip testemunharam as algazarras da Flipinho, da Off Flip e da Off Off Flip (se bobear, rolou também uma Off Off Flip do B). "Big Brother" cabeça? Evento para groupies? Sim, a Flip foi, indubitavelmente, um evento pop. Mas, ao mesmo tempo, e por incrível que pareça, também serviu para discutir literatura. E, a despeito dos caçadores de autógrafos, do atendimento lerdo dos restaurantes, da chuva fria e da falta de ingressos para as tendas de debates, aqueles dias em Paraty representaram uma festa para literato nenhum botar defeito (a não ser o João Ubaldo).

Ano que vem nos (re)encontramos por lá.


07.07.2004
Malas prontas

Seguinte: vou à Flip e só volto no domingo. Para saber mais sobre a festa literária de Paraty, clique aqui e visite o especial da revista Paralelos, ou me procure por lá. ;)